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Resumo Executivo Mercado Livre ABSOLAR 2024

Mercado Livre ABSOLAR debate as oportunidades para a transição energética sustentável

A ABSOLAR reuniu no dia 9 de maio de 2024, no Teatro Renaissance, em São Paulo (SP), mais de 340 players do setor elétrico brasileiro para o evento sobre o Mercado Livre de Energia no Brasil, um ambiente de negócios onde os agentes podem negociar a energia elétrica que quer comprar e quanto quer pagar. Hoje o Brasil tem cerca de 38 mil consumidores no mercado livre de energia, também conhecido como Ambiente de Contratação Livre (ACL), representando 37,4% do consumo de energia no país.

Abertura do mercado é favorável, 37 mil consumidores já são livres e muitos outros de baixa tensão em breve poderão migrar, com redução de tarifas

Antes de iniciar a cerimônia de abertura, foi apresentado um vídeo enviado pela Coordenadora Estadual da ABSOLAR no Rio Grande do Sul, Mara Schwengber, que não pôde comparecer ao evento por conta da tragédia que atinge o estado. Ela fez um relato sobre como está a situação na região, como estão agindo e compartilhou uma vakinha para quem quisesse colaborar.

Passando a fala ao Presidente do Conselho de Administração da ABSOLAR, Ronaldo Koloszuk, ele comentou sobre a liberdade de escolha de energia do consumidor, exercida ao passar a poder comprar uma energia mais barata e limpa. Destacou a importância do mercado livre hoje com a questão da oferta para os consumidores. Além disso, mencionou que o evento proporciona uma grande oportunidade aos agentes poderem negociar, sair com a melhor informação e formar parcerias.

Na sequência, Siqueira Neto, CEO da PV Operation, enfatizou a evolução do mercado livre no setor elétrico. Nessa linha, explicou sobre a importância do papel da empresa na autoprodução de energia elétrica e na operação das usinas fotovoltaicas como um todo, com objetivo de melhorar sua performance e eficiência.

A Diretora de Relações Institucionais da Abraceel, Ângela Oliveira, acredita que a energia solar fotovoltaica é protagonista da abertura do mercado livre no Brasil, pois o consumidor tem interesse em uma energia mais barata e renovável. Dessa forma, destacou que 59% da energia solar fotovoltaica está no mercado livre, e que em 2023 tivemos um salto que vem consolidando o mercado livre como protagonista da expansão da matriz elétrica brasileira. Nessa linha, acompanha um crescimento expressivo do mercado livre, pois toda alta tensão já pode migrar para o ambiente de contratação livre de energia elétrica. A Abraceel defende a oportunidade de escolha de energia dos consumidores de baixa tensão, logo, mencionou que, com base em estudos técnicos, a abertura total do mercado já pode acontecer em janeiro de 2026.

O próximo a discursar foi o CEO da ABSOLAR, Rodrigo Sauaia, mostrando que o Brasil é o quarto país com maior energia solar fotovoltaica do mundo, com uma média de quase 12 GW de potência adicionada ao ano. Já referente a capacidade acumulada, o Brasil atingiu a sexta posição no mundo, fechando o ano de 2023 com 37,4 GW em operação. Mencionou que a energia solar já é segunda maior fonte na matriz elétrica do país, com 42 GW em operação, com expectativa de aumentar 9,4 GW de potência instala até o final de 2024. Deixou claro que, hoje, o mercado livre do Brasil representa 37% da demanda elétrica e que 63% estão no mercado cativo, porém, a parcela do grupo A que está no mercado cativo tem grande potencial de migrar.

Sauaia apresentou a diferença percentual de mercado livre e cativo para cada estado, mostrando que a maioria dos estados ainda têm a maior parte do seu consumo no mercado cativo. Enfatizou que a ABSOLAR acredita que temos condições de abrir totalmente o mercado em 2026, nessa linha, contextualizou que recentemente tivemos reuniões com o Ministério de Minas e Energia sobre a abertura do mercado, e que para o ministério é desafiador fazer a abertura total com essa agilidade, mas é um desafio para todos que com certeza é possível. Dessa forma, o mercado livre é quem lidera a expansão da matriz elétrica brasileira, nessa linha, a fonte solar deverá ser protagonista em potência adicionada no Brasil.

Cenário após abertura do mercado é favorável, 37 mil consumidores já são livres e muitos outros podem migrar, com evidente redução de tarifas

Marcio Trannin, Vice-Presidente da ABSOLAR e Diretor Geral América do Sul da Sunco Capital, abriu a primeira mesa redonda, intitulada “Benefícios aliados ao uso da fonte solar: cenário após abertura do mercado, o que mudou para os consumidores industriais e comerciais” enfatizando a real necessidade de haver um mercado livre de energia. Trannin ressaltou que os clientes de alta tensão já são livres, mas os de baixa tensão ainda não possuem a liberdade de escolher de quem comprar energia. Explicou sobre a existência de um cronograma previsto em projetos de lei de migração até 2028, onde todos os consumidores de baixa tensão, inclusive residenciais e rurais, estariam livres. 

Além disso, Trannin, discorreu sobre os benefícios do ambiente de contratação livre, dentre eles o poder de escolha e melhor competitividade, destacou a importância dos comercializadores e a necessidade de expansão do mercado livre para regiões além da sul e sudeste, que hoje concentram o maior número de consumidores livres.

Ao concluir seu discurso, informou os números atuais relativos ao mercado livre no Brasil, que hoje soma 37 mil consumidores livres e estima-se que serão 24 mil novas migrações em 2025.

 “As fontes renováveis liderarão a expansão da matriz elétrica, com protagonismo da solar fotovoltaica e o desconto expressivo da solar, com relação ao PLD em 2060, de 39%”

Inês Gaspar, Gerente de Produto da Aurora Energy Research, discorreu sobre o futuro do Brasil em 2060. Inês afirmou que até 2060 as fontes renováveis irão liderar a expansão da matriz energética mundial e segundo análises realizadas, em 2060, a solar representará 34% da capacidade Instalada, contrastando significativamente com o ano passado, quando representava apenas 17% na matriz elétrica brasileira.

Dessa forma, pontuou que 360 GW serão adicionados à matriz brasileira. Nessa linha, a maior parte das fontes será renovável, porém haverá um número significativo de térmicas devido à esta expansão, por motivo da variação no suprimento de energia.

Sobre o preço de captura da solar e eólica, Inês aponta que não será existente durante os próximos seis anos e, ao nos aproximar de 2060, a solar poderá ver descontos de até 39%.

“São 170 mil consumidores potenciais para o mercado livre, somente neste ano, a previsão é de que 20 mil consumidores migrem”

César Pereira, Gerente Executivo de Regulação e Capacitação da CCEE, apresentou a visão da Câmara sobre a migração do mercado. Ele afirmou que até o fim deste ano serão mais de 20 mil consumidores migrando.

César enfatizou que é necessário simplificar o mercado livre para os novos consumidores, mudando o modelo de operação. Ele mencionou que a CCEE enviou um detalhamento, que está em consulta pública (CP) desse modelo simplificado, e informou que a segunda fase desta CP ainda está aberta, com o prazo de contribuições até 7 de junho.

César explicou que é necessário abrir o mercado de modo que a tarifa do consumidor regulado não aumente e que a sustentabilidade das distribuidoras seja mantida. Ele destacou que a sobrecontratação começa a diminuir a partir de 2026 e que não há necessidade de grandes mudanças legislativas para viabilizar a abertura de mercado. 

 “O desafio do mercado livre é simplificar, educar e conscientizar os consumidores que além dos seus insumos diários, também vai precisar comprar energia”

Bruno Kikumoto, CEO do Canal Solar, falou sobre os desafios da migração para o mercado livre, destacando a importância do empenho no estabelecimento e manutenção do relacionamento com o consumidor visto que a expansão traz a diminuição do tamanho do consumidor e dos montantes comprados.

Ele explicou que no início da abertura do mercado, quando era um mercado novo, eram poucos consumidores com volume grande e à medida que vem diminuindo o tamanho do consumidor, não há muito tempo para ter muito relacionamento.

Bruno enfatizou que o custo de aquisição do cliente se torna alto e que este é um desafio a ser vencido, ressaltando ainda mais a necessidade da simplificação.

“Muito além de comprar energia, é importante saber comprar e otimizar os produtos para que o cliente possa cuidar do seu negócio sem se preocupar com a energia”

Vinicius Reis, Head de Produtos da Enel X, abordou a questão de como tornar atrativa a migração do ponto de vista do consumidor além da questão do preço. Vinicius apontou o medo e insegurança que existe, sob a ótica do consumidor, ao migrar para o mercado livre, pois o mercado na atualidade ainda é confuso. Ele afirmou que, além de comprar barato, o consumidor precisa comprar melhor, se sentindo mais confortável e desta forma, o mercado poderá evoluir mais.

Autoprodução como um vetor importante para o desenvolvimento da solar e sinais de preço e a consistência econômica dos diferentes modelos de negócio

A segunda sessão iniciou com a fala do Diretor Técnico Regulatório da ABSOLAR, Carlos Dornellas, que ressaltou a autoprodução como um vetor muito importante para o desenvolvimento da energia solar no país. Comentou sobre alguns riscos que podem impactar os investimentos em autoprodução, sendo eles: a alteração das condições de modelo de negócio, acesso à conexão ao sistema interligado nacional, que além de sistemas de grande porte também afeta a micro e minigeração solar, e os cortes de gerações renováveis. Afirmou que a segurança do setor é fundamental, o sentimento de insegurança afasta os investimentos e as propostas de transição devem visar a preservação dos negócios.

Donato Filho, CEO da Volt Robotics, comentou sobre a evolução da energia elétrica, partindo de Thomas Edison que foi o pioneiro nesta frente, marcando o início de uma era de iluminação, porém descentralizada, a eletricidade não podia percorrer grandes distancias por ser em corrente contínua. Já Nikola Tesla, com uma visão de corrente alternada, revolucionou os sistemas elétricos, tornando-os mais eficientes e versáteis. Além disso ressaltou sobre sinais de preço, apresentou experiências internacionais que contribuem para a perspectiva de que o sinal de preço ao consumidor pode alterar o seu comportamento e que os modelos de formação de preço necessitam ser aprimorados para acomodar as mudanças de comportamento.

Fernando Casasola, Gestor de Vendas de Usinas Solares da WEG, comentou sobre a deficiência na execução e estruturação de projetos de grande porte para que o retorno do capital investido seja como o planejado. Ressaltou que a mobilização pré-construção é fundamental. Quanto menos impactar o terreno em que será instalada a usina, maiores serão os ganhos em termos de geração de energia e redução de custos de manutenção. Além de apresentar cases dessas ações, tanto de micro e minigeração quanto para empreendimentos de grande porte.

Matheus Medeiros, Utility Scale Solar PV Projects da Sungrow, ressaltou que os sistemas de armazenamento de energia desempenham um papel crucial na gestão eficiente da demanda de energia, permitindo a redução das disparidades entre a curva de carga e a curva de consumo, ao oferecer a capacidade de armazenar energia durante os períodos de baixa demanda e fornecê-la quando a demanda é alta.

Siqueira Neto, CEO da PV Operation, comentou sobre os indicadores para melhorar a performance da usina, disponibilidade, performance ratio, geração de energia, rendimento, energia esperada e consumo. Destacou também que é essencial implementar sistemas de monitoramento contínuo para medir e analisar os parâmetros de operação da usina, a fim de garantir a máxima produtividade. Caso sejam identificados padrões de baixo desempenho, intervenções oportunas devem ser realizadas para otimizar o funcionamento do projeto, assegurando assim sua eficiência e rentabilidade a longo prazo.

Desenvolvimento das renováveis no Brasil, PPAs de energia solar e a importância de diretrizes ESG nos projetos

Na última mesa redonda, Camila Ramos, CEO da Cela e Vice-Presidente de Investimentos e Hidrogênio Verde da ABSOLAR, destacou os principais drivers de crescimento da energia renovável e mostrou que a maioria dos PPAs consultados no ano passado são de energia solar de autoprodução por arrendamento. Ela ressaltou que foi o primeiro ano em que os off-takers dos PPAs no mercado livre foram de indústrias, seguido de data centers. Camila também mencionou a importância do ESG no financiamento de projetos de energia solar, citando um exemplo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que considera os critérios ESG como um diferencial importante na análise de aprovação de financiamentos para projetos de energia solar. Ela também destacou a crescente importância do ESG para a nova geração de consumidores, que valorizam mais essas práticas.

Gisele Viveiros, Gerente de Relacionamento com Clientes Corporativos da Auren Energia, abordou a tendência de autoprodução de energia, especialmente por arrendamento, destacando a facilidade de implementação e a falta de investimento inicial como atrativos. Ela também ressaltou que a falta de práticas de sustentabilidade pode deixar uma empresa não competitiva, especialmente em licitações. Gisele comentou as diretrizes ESG dos projetos desenvolvidos pela empresa, como por exemplo a montagem dos módulos de um empreendimento ter sido feita por uma equipe 100% feminina.

Isabella Sene, Especialista Técnico Regulatório da ABSOLAR, comentou o papel da Força-Tarefa (FT) de ESG da ABSOLAR, destacando os trabalhos desenvolvidos que ajudarão o País e as empresas a atingirem as metas ESG na transição energética. Ela também abordou a questão do descarte e da reciclagem de painéis solares fotovoltaicos, destacando a importância da logística reversa e da destinação adequada desses equipamentos.

Carla Cardilo, CFO da Ecom Energia, ressaltou que as empresas precisam conhecer os clientes e ter todos os tipos de serviços para suprirem as necessidades deles de forma sustentável.

Henry Quege, Gerente de Vendas GC da Solis, ressaltou que a maioria está focada no “E” e esquecem o “S” e o “G”. Ele também destacou a importância da comunicação com o cliente final, mencionando que muitos não sabem o que o ESG é, e a comunicação precisa ser adaptada de forma que eles entendam o valor disso no seu produto.

Em suma, a mesa redonda trouxe insights valiosos sobre a interseção entre energia, sustentabilidade e governança (ESG) no mercado atual. Ficou claro que a adoção de práticas sustentáveis e a incorporação de critérios ESG são fundamentais não apenas para a competitividade das empresas, mas também para a viabilidade dos projetos de energia renovável a longo prazo. A tendência de mercado aponta para uma maior valorização de empresas que adotam práticas sustentáveis e transparentes, especialmente entre a nova geração de consumidores, que valoriza cada vez mais o ESG. Nesse contexto, a educação e a conscientização dos consumidores sobre a importância do ESG e das práticas sustentáveis são fundamentais para impulsionar a transição para um modelo energético mais sustentável e responsável.