A ABSOLAR promoveu no dia 6 de julho, em São Paulo, o Mercado Livre ABSOLAR, um evento que reuniu geradores com empreendimentos fotovoltaicos, consumidores industriais e comerciais, com o objetivo de discutir a participação e potencial da energia solar no mercado livre de energia.
Durante a cerimônia de abertura, o Presidente do Conselho de Administração da ABSOLAR, Ronaldo Koloszuk, deu boas-vindas aos participantes e ressaltou que apesar de não ser um ano fácil para quem atua na comercialização, por conta do custo da energia, surgem oportunidades para desenvolver novos produtos. Koloszuk também comentou que o mercado brasileiro é muito instável, onde por um lado o preço está no piso e por outro aparecem notícias e estudos de estiagem. Mas o brasileiro já está acostumado por já ter vivido cenários parecidos anteriormente e que o mercado possa virar e sair mais otimista.
O CEO da ABSOLAR, Rodrigo Sauaia, disse que parte do papel da energia solar é ajudar a potencializar os setores produtivos do Brasil. Também ressaltou que o estatuto da ABSOLAR foi alterado, no ano passado, passando a englobar o armazenamento de energia, hidrogênio verde e outras tecnologias sinérgicas. Na ocasião, Sauaia pontuou que 2022 foi o melhor ano da energia solar no mundo e no Brasil, destacando o 10º lugar do País no ranking, e que diante das expectativas, 2023 será o melhor ano para as usinas de grande porte. Por fim, apresentou alguns números expressivos do setor, convidou os participantes para ouvir os especialistas no assunto e comentou sobre os próximos eventos.
Siqueira Neto, CEO da PV Operation, ressaltou o trabalho da ABSOLAR nesses 10 anos e falou da importância do ESG e compromissos socioambientais, destacando a importância da energia solar no atingimento das metas de sustentabilidade.
Para falar sobre o conceito do complexo B32 onde o evento foi realizado, o Diretor Comercial do Teatro B32, Carlos Eduardo Braga, falou que o espaço foi concebido para ser um projeto agregador, com autossuficiência de água, aterro zero, materiais certificados, estando a disposição para eventos, arte e setor privado. Braga comentou também sobre a iniciativa de levar a arte de forma eficiente por meio dos eventos patrocinados pelo teatro, que podem ser assistidos de forma gratuita no painel externo do teatro ou online.
O painel iniciou com o Diretor Técnico Regulatório da ABSOLAR, Carlos Dornellas, destacando a importância do mercado livre para a fonte solar e para o consumidor. Dornellas enfatizou a importância da contratação de longo prazo, pois o Preço de Liquidação de Diferenças (PLD) pode variar do piso para o teto de forma abrupta, trazendo um enorme risco aos descontratados. Falou também, entre outros, sobre a necessidade da limpeza da fila para o destravamento do setor e da atenção à reforma tributária. Apresentou também alguns números de projeção para o setor e comentou que, com o fim dos incentivos, surge a necessidade do estabelecimento dos benefícios ambientais previstos em lei pelo Ministério de Minas e Energia (MME).
João Guillaumon, Sócio da McKinsey & Co, falou sobre o uso da solar fotovoltaica na transição energética, ressaltando que as transições anteriores levaram até 300 anos e que não temos esse tempo todo, ou seja, a próxima será muito rápida e usará muito a energia renovável. Comentou também sobre as previsões de crescimento do consumo industrial e pontuou os cinco fatores para a transição: econômico, tecnológico, regulação, cadeia de suprimentos e consciência das empresas e consumidores.
Marcelo Loureiro, Conselheiro da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) explicou qual o papel da CCEE como operador de mercado. Loureiro também falou sobre a abertura do mercado em duas fases, alta tensão e baixa tensão. Falou sobre a necessidade da comercialização atacadista por meio de varejistas e da inovação dos produtos a serem oferecidos.
O Presidente Executivo da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (ABRACEEL), Rodrigo Ferreira, iniciou falando que a oportunidade para a energia solar no mercado livre deve ser pautada com o foco do consumidor, que quer energia mais barata e renovável e que no Brasil a solar é a mais barata. Portanto o papel dos comercializadores é justamente apresentar produtos que vão de encontro com isso. Foi dito também que 92% da expansão do setor está sendo viabilizada por PPAs no mercado livre e que a geração distribuída também poderia ser comercializada nesse mercado caso fosse dada a opção ao consumidor.
Carlos Faria, Diretor Presidente da Associação Nacional dos Consumidores de Energia (ANACE), parabenizou a ABSOLAR e iniciou trazendo dois pontos que requerem atenção, como a obrigatoriedade de representação do consumidor menor ao entrar no mercado livre. Faria também pontuou que a reforma tributária não pode onerar a energia, pois é uma necessidade essencial e trouxe o ponto também de que os subsídios devem ser revistos.
Paulo Pedrosa, Presidente da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores Industriais e de Consumidores Livres (ABRACE), comentou que o consumo industrial não cresce há 12 anos, o que impede que o mercado seja viabilizado por esse setor sem que haja uma industrialização. Outro ponto destacado foi que há uma necessidade de revisão regulatória, respeitando os contratos firmados, de forma a obter um setor mais eficiente. Para finalizar, Pedrosa destacou que o caminho é crescer a indústria nacional.
Finalizando o primeiro painel, o Presidente Executivo da Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia (ABIAPE), Mário Menel, falou com o conceito de autoprodutor, seus arranjos e sua diferenciação na parte dos encargos setoriais. Na sequência, comentou sobre modificações regulatórias previstas para os autoprodutores e sobre a necessidade do setor se unir e levar ao ministério as necessidades para alcançar o desenvolvimento pretendido. O painel finalizou com um debate com os temas trazidos pela plateia.
O Vice-Presidente de Geração Centralizada da ABSOLAR, Ricardo Barros, abriu o painel propondo um diálogo sobre modelos de negócios que contemplassem os pontos de vista e necessidades de geradores, consumidores e prestadores de serviços no setor. Destacou que a expansão da geração e do consumo de energia de fontes renováveis hoje está, principalmente, no mercado livre. As fontes solar e eólica concentram os contratos, tanto em quantidade, quanto em volume médio contratado, com liderança da fonte solar FV. Reforçou que, além de termos um ótimo momento para contratação de energia, o consumidor tem dado mostras de que há preferências por contratos de autoprodução de energia de longo prazo (acima de dez anos de contratação).
Donato Filho, CEO da Volt Robotics, trouxe aos participantes os resultados do estudo realizado pela empresa, com foco no conjunto de elementos que apontam as tendências para as tarifas de energia no Brasil e qual tem sido o comportamento e a tomada de decisão dos consumidores diante destes estímulos (nem sempre positivos). Quais os motivos que levam os consumidores a buscarem por autoprodução, mercado livre e demais alternativas? Que forças econômicas estão impulsionando estas movimentações tanto no mercado regulado quanto no mercado livre?
O estudo apontou que entre 2012 e 2023, as tarifas para o consumidor no mercado regulado, como residências e comércios, subiram em média 24,5% acima da inflação. Já para a pequena indústria, o aumento foi de 26,3% acima da inflação. O expressivo aumento ocorreu em todos os componentes das tarifas, pela ordem, encargos, transmissão, energia e distribuição. Conforme o perfil de cada consumidor, em busca de proteção contra os sucessivos aumentos tarifários, as migrações ocorrem para mercado livre, autoprodução, contratação de fontes incentivadas, investimento em micro e minigeração distribuída e cadastramento em programas sociais.
Consequentemente, o País observa um crescimento do consumo total de energia elétrica ao mesmo tempo em que cai o consumo no ambiente regulado. O resultado é uma base cada vez menor de unidades consumidoras no mercado regulado e, portanto, um aumento nas tarifas pagas por estes consumidores. Ao analisar todo o grande conjunto de perfis de consumo, de comportamento e de decisões mediante as alternativas disponíveis ao longo dos próximos anos, até 2030, os resultados indicam realidades distintas conforme a área de concessão. Dentro do universo de para 26 distribuidoras analisadas, há variações que vão, desde aumentos reais de 30%, até alguns casos de estabilidade de preços. Na média, o aumento real, ou seja, acima da inflação, será de 16,6% para um universo que abrange 90% mercado regulado no Brasil.
Após as duas apresentações, o moderador do painel, Ricardo Barros, convidou os participantes para a abertura de debates. A primeira pergunta abordou o potencial de migração para o mercado livre. Em resposta, Donato Filho disse que dentre todas a migrações (cerca de 24 mil MW médios) que já ocorreram há segmentos para os quais a expectativa de migração é baixa. Caso, por exemplo, do setor público. Feitas essas considerações, de um potencial de 8.000 MW médios de potencial de migração, estima-se que entre 5 e 6 mil MW médios devam realizar este movimento. Entretanto, esta base é formada, principalmente, por muitos consumidores menores.
Pablo Becker, Diretor de Comercialização da Atlas Renewable Energy, respondeu uma questão relativa ao processo de tomada de decisão dos consumidores quando fazem a opção pela migração. Em sua visão, o principal peso neste processo segue sendo o custo da energia. Embora possa parecer contraintuitivo que o consumidor decida contratar por longo prazo em um momento de preços baixos, a experiência mostra que esta é a melhor decisão. A contratação de longo prazo cumpre um papel de hedge para o consumidor comprador sendo este um caminho muito mais seguro e responsável do que a especulação de curto prazo que aposta na oportunidade dos preços atuais em PLD mínimo. Becker observou também que nos próximos anos a migração se dará em grande número, mas será feita por pequenos consumidores. Daí a importância dos investimentos em digitalização e simplificação de procedimentos que serão fundamentais para a redução dos custos de transação destas migrações.
Questionado sobre os modelos de negócios vigentes e novos modelos que podem surgir a partir da esperada migração de pequenos consumidores, Pedro Dante, Sócio do Le Fosse Advogados, lembrou que o momento é favorável para a migração para o mercado livre e para a autoprodução. Destacou ainda que a geração distribuída é vital neste processo. Dante ressaltou a chamada equiparação, modelo societário no qual o gerador torna-se sócio de um consumidor. Uma das vantagens deste modelo é a não necessidade de um investimento majoritário de consumidor e faz com a equiparação seja o formato mais adotado pelo escritório. Uma segunda alternativa, ainda incipiente no mercado, atende ao perfil middle market no qual o consumidor cativo, ao mesmo tempo que migra para o mercado livre, traz consigo uma demanda mínima torna-se também um autoprodutor.
Este perfil pode já no planejamento da migração, estruturar um projeto com outorga e ter uma autoprodução tradicional. A terceira alternativa, já bastante praticada no mercado, é o arrendamento de um ativo gerador pelo consumidor. Por fim, a quarta alternativa, em evolução, é o modelo de consórcio de energia. Não necessariamente um consórcio de construção de ativos, mas de rateio de custos de energia. O consumidor entra na estrutura de um consórcio (o qual detém a outorga) para contribuir de forma associativa na construção ou operação de um ativo gerador e, a partir daí, podemos desenhar e oferecer vários produtos. Estes seriam os quatro modelos praticados no mercado. Para grandes consumidores, acima de 3 MW, entendo que a equiparação seria o mais indicado. Já para demandas menores poderiam ser indicados, conforme o perfil do consumidor, o arrendamento ou o consórcio.
Sobre as perspectivas para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), Donato Filho lembrou que o principal componente de despesas é a Conta Consumo de Combustíveis (CCC), utilizados na geração termelétrica em sistemas isolado. Apontou que para reduzir estes custos a principal medida seria conectar Roraima ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Destacou também o Mais Luz para a Amazônia, programa voltado para a eletrificação da Amazônia, que já dispõe de recursos para sua a instalação de geração solar fotovoltaica combinada com sistemas de armazenamento de energia elétrica em baterias. Concluiu que a retirada de geração térmica por combustíveis fósseis por sistemas fotovoltaicos demanda recursos financeiros no curto prazo, mas que os ganhos de longo prazo são comprovados por diversas experiências internacionais. Ressaltou que no processo é fundamental ouvir as comunidades e adequar os sistemas de geração conforme a necessidade de cada comunidade.
As soluções devem respeitar as preferências, cultura e hábitos locais. Sobre a autoprodução, destacou que o impacto na CDE se dá de forma indireta, por meio do desconto no uso do fio, e que este incentivo já é o segundo maior componente da CCE. Para solucionar este dilema, recomenda a determinação de prazos e limites para estes incentivos, de modo que não se acumulem ineficiências que repercutem em todo o sistema. Do modo que o modelo está posto, o consumidor do mercado regulado seguirá refém dos custos que lhe são artificialmente impostos, tais como: compra de energia em dólar, contratação de termelétricas com combustíveis indexados aos preços internacionais em dólar, risco hidrológico e outros que não tem sinalização de que serão retirados. Neste sentido a migração deve continuar.
Pablo Becker destacou as vantagens do Purchase Power Agreement (PPA) em dólar como opção para os consumidores que têm como característica as receitas de suas atividades em dólar, como é o caso de clientes exportadores e de clientes que comercializam produtos precificados em dólar. Para esses perfis o PPA em dólar oferece hedge natural ao mesmo tempo em que permite a obtenção de financiamentos também em dólar.
O último painel foi aberto pelo Vice-Presidente do Conselho de Administração da ABSOLAR, Marcio Trannin, lembrando a busca crescente por energias renováveis pelas empresas. Entrando no tema Environmental social, and Corporate Governance (ESG), o destaque foi que os consumidores das novas gerações são mais conscientes e demandam que os produtos e serviços de hoje sejam sustentáveis. Esta é uma tendência consolidada e, neste contexto, além de oferecer todas as vantagens econômicas e amplos benefícios já comentados ao logo do evento, a solar fotovoltaica se destaca, pois, já cumpre com 7 dos 15 objetivos de desenvolvimento sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU). Trannin convidou os demais participantes a compartilharem suas experiências que demonstram como a solar se tornou relevante para suas respectivas empresas e a importância dos programas de ESG para as suas organizações.
Siqueira de Moraes Neto, CEO da PV Operation, trouxe em sua apresentação uma solução focada na autoprodução para consumidores. Destacou os benefícios e riscos de tornar-se um autoprodutor, entre eles: a independência energética, a redução de custos, a sustentabilidade e a compra e venda de energia no mercado livre. Por outro lado, os custos são exposição ao PLD em caso de falta de energia, desempenho da usina e mudança de consumo. Especificamente sobre a operação de usinas fotovoltaicas apontou os principais indicadores de desempenho a saber: disponibilidade, performance ratio (PR), geração de energia, rendimento (yield), energia esperada e consumo. Siqueira detalhou a importância de cada um dos seis indicadores listados e lembrou que hoje a PV Operation atende a mais de 30 mil usinas em operação num total de mais de 1 GWp atendidos pela plataforma SCADA. Trata-se de um software supervisório para a gestão e manutenção de ativos que busca maximizar a eficiência e o retorno sobre os investimentos.
Felipe Cerqueira, Coordenador de Compras de Cebrace Vidros, iniciou sua fala observando que a Cebrace Vidros atende cerca de 50% do mercado brasileiro e já está no mercado livre há 18 anos. Neste período, chama a atenção para três pontos que devem estar equilibrados: a estratégia de contratação; estudar as condições comerciais e entender os contratos; e contar com equipe qualificada com dedicação exclusiva e com assessoria externa especializada. Para ilustrar a importância destes fatores, Cerqueira deu como exemplo as condições de preços e oferta atuais, que levaram a Cebrace a decidir por contratar não mais até 2026, mas, por ampliar a cobertura contratual até 2030. Além dos benefícios econômicos esta estratégia vai ao encontro das metas de empresa de descarbonização e de ESG. Para a Cebrace, a contratação via mercado livre representará uma economia da ordem de 50% nos custos de energia elétrica se comparados os custos no mercado regulado. Portanto, para uma empresa na qual energia elétrica representa 11% dos custos totais da operação, o mercado livre tem significado segurança de suprimento e controle sobre as despesas com energia no longo prazo.
Carlos André Rios Esteves, Diretor Corporativo da Gerdau, destacou que a Gerdau é hoje o quinto maior consumidor de energia elétrica do Brasil, porém, está ligada ao ESG e a solar FV por muitos outros pontos além do consumo de eletricidade. Como exemplos, o grupo acabou de investir R$ 1.5 bilhão na NewWave, empresa geradora de energia. A Gerdau também oferta hoje 5% do aço que é hoje utilizado nos empreendimentos de energia renovável, portanto, é também um fornecedor para o setor. Em seus mais 120 anos de história a Gerdau, pela própria natureza de suas atividades, esteve muito relacionada ao setor de energia.
São R$ 80 bilhões de receitas anuais dos quais cerca de 50% são gerados no Brasil. Com relação às emissões de CO2 na indústria siderúrgica são três desafios principais: (I) na extração da matéria prima, minério de ferro, há emissão de CO2; (II) o processo produtivo demanda altas temperaturas e apesar das alternativas em evolução como gás natural e hidrogênio, a fonte primordial, de difícil substituição, é o carvão mineral; e (III) energia elétrica, sendo que neste último o Brasil e a Gerdau estão muito bem posicionados. Em números globais o setor siderúrgico responde por 7 a 9% das emissões mundiais de CO2. Em termos de benchmarking internacionais, a Gerdau estaria situada nos 50% da referência.
Quanto aos desafios para os quais a Gerdau pode contribuir, Esteves enumerou: (I) incentivo a pesquisa, citando como exemplo o quanto a China já avançou no uso do hidrogênio no setor siderúrgico; (II) reciclagem, destacando que o ferro é o principal produto reciclado hoje no mundo e que 70% do aço produzido pela Gerdau é reciclado (porém 12% do aço que poderia ser reciclado no Brasil acaba nos chamados lixões); (III) incentivar a indústria nacional, citando que a indústria local tem perdido espaço para o aço importado; e (IV) entender o consumidor, que no Brasil tem realidades tão diversas, e oferecer soluções, seja por baterias, seja por capacitores, seja por geração híbrida.
Ricardo Mendes, Diretor de Originação da Atlas Renewable Energy, iniciou sua apresentação lembrando que a Atlas é uma empresa de energia, contudo, ele próprio teve longa experiência como consumidor e autoprodutor ao longo de sua trajetória na Vale. Hoje Mendes tem vivido esta experiência ao atuar como fornecedor para muitos consumidores e parceiros, como é o caso da própria Unipar. Quanto ao ESG destacou que tem visto a importância de que indústria brasileira tenha controle sobre os custos de energia. Ao mesmo tempo em que os consumidores têm enfrentado tarifas de eletricidade crescentes, temos visto também a queda dos preços da energia solar FV. Neste contexto, a solar contribui não apenas para a redução de custos para as empresas, mas também para a geração de empregos, desenvolvimento social e preservação ambiental em diversas regiões do Brasil, inclusive naquelas que sofrem com a pouca oferta de trabalho.
Com relação ao momento sobre oferta de energia, Mendes apontou que, ao mesmo tempo, esta é a oportunidade para “travar” os contratos de longo prazo em preços competitivos e realizar de fato a transição energética para nossa indústria e para o Brasil. Lembrou que em relatório recente a Agência Internacional de Energia enfatizou que, para que os objetivos do Acordo de Paris sejam atingidos, os países, principalmente os emergentes, deveriam triplicar os investimentos em energias renováveis. Isso quer dizer que mais do que nos preocuparmos em discutir encargos e outros problemas, o País deveria centrar esforços na reindustrialização que vai permitir a demanda pela energia necessária para a transição energética.
Frederico Cruvinel, Diretor de Supply Chain da Unipar destacou que a empresa foi o primeiro consumidor livre e que a segurança de fornecimento e previsibilidade de preços são fundamentais. A Unipar iniciou no mercado livre para em um segundo momento tornar-se um autoprodutor. Hoje tem parceria com a Atlas na solar, com a AES na eólica, e com a Lefosse no assessoramento jurídico. A meta é alcançar 80% do suprimento de energia por autogeração.
No contexto do ESG, o crescimento e a expansão, tanto orgânica, quanto geográfica e por fusões e aquisições, da Unipar estão ligados, não apenas ao acesso a mercados consumidores, mas, também ao acesso a mercados de capitais competitivos. Todos estes fatores estão interligados e precisamos alcançar um nível de competividade mundial. Neste sentido, Cruvinel observou que a Unipar tem conseguido ótimos avanços em energia e destacou ainda que a Unipar já utiliza o hidrogênio em sua base de combustíveis há mais de 20 anos.
Rafael Gabriel, Gestor Comercial de Usinas Solares da WEG, iniciou sua apresentação destacando que WEG é uma provedora de soluções em energia, não apenas para solar FV, mas, também para eólica e hidrelétrica. No contexto de soluções para solar FV, a WEG atende a empreendimentos de pequeno, médio e grande porte. Fruto desta ampla experiência ressaltou que o OPEX de uma usina é definido pelo seu CAPEX. Em outras palavras, o custo de operação de uma usina será consequência de um projeto bem construído e com equipamentos de primeira linha. Para assegurar ao empreendedor que o projeto vai performar a primeira resposta que a WEG traz é a tecnologia, que vai permitir uma gestão fina do negócio, inclusive antecipando-se a falhas. A WEG propõe também que as soluções sejam articuladas desde o pré-projeto estando junto do empreendedor e do operador do ativo desde a concepção do CAPEX. Gabriel ilustrou a apresentação com cases de sucesso com a UFV Jaíba V de 531 MVA em Jaíba (Minas-Gerais) e UFV Maravilhas I e II de 61 MWp em Goiana (Pernambuco), sendo este último um exemplo de projetos em que a WEG fornece a solução “chave na mão”.
Na rodada de perguntas e respostas os palestrantes destacaram que as energias renováveis e as práticas de ESG são de fato um diferencial para o acesso a mercados consumidores, mercados de capitais e para as contratações de projetos sejam de engenharia, produtos ou serviços. Embora ainda estejamos distantes do ideal, os avanços já podem ser percebidos, especialmente, junto a empresas e mercados multinacionais. Quando se fala em transição energética, as discussões variam muito de país para país e podem ser muito distintas. Este é o caminho, mas ainda há uma distância muito longa a percorrer. A transição energética pode, por exemplo, reposicionar o Brasil de um país majoritariamente exportador de commodities para tornar-se um país capaz de internacionalizar processos produtivos e incorporar complexidade à sua indústria. Não descartando também os ganhos de se tornar um país fornecedor de energia limpa e renovável para os mercados mundiais.