Nos dias 8 e 9 de dezembro, o Centro de Convenções Rebouças, em São Paulo, recebeu o novo evento que une toda a cadeia de valor solar fotovoltaica. O Encontro Nacional ABSOLAR reuniu especialistas, empresas, jornalistas e empreendedores da energia solar para debater perspectivas e desafios que 2022 deve trazer. Ao todo, foram mais de 40 palestras com muito conteúdo exclusivo, além de espaço para exposições, com novidades de marcas nacionais e internacionais. Os dois dias tiveram transmissão digital ao vivo, inclusive com stands virtuais.
Confira o resumo deste evento especial:
O Encontro Nacional ABSOLAR começou com uma homenagem a Windson Bernardo, conselheiro da ABSOLAR e Diretor Comercial da Dinâmica Energia Solar, que faleceu em junho deste ano. Os familiares estiveram presentes e falaram um pouco sobre a trajetória do entusiasta da energia solar fotovoltaica no Brasil.
A abertura teve a participação de Ronaldo Koloszuk, Presidente do Conselho de Administração da ABSOLAR; Marcio Trannin, Vice-Presidente do Conselho de Administração da ABSOLAR; Rodrigo Sauaia, CEO da ABSOLAR; e Rodolfo Meyer, CEO do Portal Solar e anfitrião do evento. Koloszuk falou sobre as tendências do setor para os próximos anos a partir do rápido crescimento da energia solar fotovoltaica e como essa velocidade exige agilidade na gestão das empresas. O Presidente do Conselho de Administração da ABSOLAR também comentou sobre as vantagens da fonte solar no âmbito ambiental e em questões de preço e rapidez na implantação. Além disso, contextualizou a importância de eventos, como o Encontro Nacional ABSOLAR, para o networking empresarial, principalmente, em um mercado que só tende a crescer mais a cada ano, mesmo em períodos de crise.
Rodrigo Sauaia começou apresentando o objetivo do evento, que tende a ser uma nova tradição para a ABSOLAR, e que será um ponto focal de troca de experiências para as empresas de toda a cadeia de valor do setor solar FV. Sauaia citou que os anos de 2020 e 2021 trouxeram novos desafios, como a pandemia, o câmbio, a escassez de equipamentos etc. Porém, também trouxeram oportunidades, como a crise hídrica, que fez com que se difundisse a importância de uma maior diversificação da matriz elétrica brasileira. Neste quesito, a solar FV teve um papel fundamental, tanto na diminuição do preço da energia elétrica com a geração centralizada (GC), como em reduzir a conta de luz dos consumidores por meio da geração distribuída (GD).
O Presidente Executivo da ABSOLAR também citou os progressos importantes para o setor no ano de 2021, como o avanço do Projeto de Lei (PL) 5829/2019 para a GD, o programa Mais Luz para a Amazônia para o sistema off-grid, a implantação da solar FV em programas habitacionais, entre outros. Já Rodolfo Meyer falou sobre o grande potencial de crescimento para o setor, elogiando o grande papel que a ABSOLAR teve para defendê-lo. Para o CEO do Portal Solar, 2022 será o melhor ano da solar FV até agora, com um grande aumento na participação da fonte na matriz elétrica e na quantidade de veículos elétricos que necessitarão da solar para se tornarem ainda mais competitivos.
Abigail Ross Hopper, CEO da SEIA – a Associação das Indústrias de Energia Solar dos EUA – foi uma das convidadas internacionais a participar do Encontro Nacional ABSOLAR. Ela falou sobre o histórico da SEIA, que existe desde 1974, e como a associação já conta com pelo menos mil empresas associadas. Além delas, outros parceiros estratégicos ajudam a SEIA na luta legislativa para a criação de empregos em toda a sociedade e no apoio ao crescimento do mercado de energia solar fotovoltaica norte-americano. Abigail comentou ainda sobre as metas do governo em tornar a energia solar a responsável por 30% da matriz elétrica até 2030 e a reduzir emissões de gases de efeito de estufa até 2035.
Marcio Trannin, também presente na abertura, reforçou que o novo evento da ABSOLAR será um novo ponto de encontro para o setor e que complementa a Intersolar South America de forma que as discussões possam ser mais amplamente debatidas. Segundo Trannin, o investidor estrangeiro olha para o Brasil por meio de três fundamentos de mercado: estabilidade política (instituições fortes no Brasil); estabilidade regulatória (em que as regras são claras e os compromissos são cumpridos); e o alto potencial de consumo brasileiro, que ainda tem um baixo consumo per capita. “O crescimento de 1,5% do PIB reflete um crescimento de 1% na demanda por energia, somado com recursos renováveis baratos”, disse. O Vice-Presidente de Conselho da ABSOLAR reforçou que agora é o momento de trazer liberdade de mercado para o brasileiro, com a solar sendo fundamental para esta transição energética. “Assim, será possível que o consumidor exerça seu direito de cidadão em escolher o serviço que melhor lhe atende. A tarifa de energia sempre vai aumentar com o tempo e a solar FV é a melhor opção para essa redução de custos”, informou.
Em mais uma participação internacional, Jose Donoso, Presidente do GSC – o Conselho Global de Energia Solar – parabenizou o Brasil por entrar no grupo dos países com mais de 10 GW de solar FV. Donoso comentou também sobre as dificuldades políticas que um setor regulado enfrenta e como a energia solar provou sua resistência nos últimos anos. Para o participante, estar no local certo não nos isenta das responsabilidades e a produção de energia limpa deve estar atrelada com a integração ambiental, com P&DI e com integração social da economia local.
Sonia Bridi começou sua palestra contando que é proprietária de uma microusina, construída em 2013 – pouco tempo após a regulamentação da REN 482/2012, da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Na época, ela recebeu uma carta da Aneel parabenizando-a e informando uma lista com todos os proprietários de geração distribuída no Brasil. Em 2013, eram menos de cem usinas. Na visão da jornalista, a solar FV é fundamental para combater as mudanças climáticas.
Ela contou sobre sua história cobrindo os principais eventos sobre a questão das mudanças climáticas, desde os anos de 1990. Na Rio 92, Sonia ainda explicava na televisão o que era o efeito estufa. Nas reuniões seguintes, começou-se a falar mais sobre mudanças climáticas, depois em aquecimento global e, hoje, fala-se sobre crise climática. Segundo Sonia, o Brasil não cumpre as metas estabelecidas no acordo de Paris em 2015. “Cerca de 40% das emissões brasileiras não vêm da indústria ou transportes, mas sim, da destruição das florestas nativas junto com a especulação por terras de forma ilegal”, disse.
A jornalista ainda falou sobre o crescimento da China nos anos de 1990. Para evoluir economicamente, o país asiático acabou tornando-se o maior emissor de gases de efeito estufa atualmente e o segundo maior em poluição histórica acumulada, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Sonia apresentou também um panorama das viagens que fez ao redor do mundo para cobrir os efeitos do aquecimento global – passando pela Antártica, Monte Kilimanjaro, Veneza e Ilhas do Pacífico – onde mostrou os impactos climáticos e como a ação do homem contribuiu para o que está ocorrendo hoje.
Retornando ao Brasil, a palestrante comentou sobre as queimadas no Brasil, onde 40% do território pegou fogo pelo menos uma vez nos últimos 35 anos, sendo que 60% dessa parcela queimou mais de uma vez no mesmo período. Para a jornalista, há relação entre o desmatamento e o garimpo ilegal com a perda de água e secas no País. Neste ponto, Sonia destacou a importância de empreendimentos, como usinas híbridas, para gerar energia e evitar a evapotranspiração dos reservatórios.
Ao comentar sobre os exemplos de cidades sustentáveis no Oriente Médio e como Nova York, nos Estados Unidos, está trabalhando para reverter mudanças antrópicas para se proteger de eventos climáticos, a palestrante falou da importância das renováveis. “As fontes limpas e renováveis geram emprego e renda e ainda reduzem custos aos consumidores”, disse.
Nesta sessão do Encontro Nacional ABSOLAR, especialistas trouxeram insights estratégicos sobre as principais questões que influenciam o desenvolvimento econômico, político e do setor elétrico mundial e brasileiro em 2022 e nos próximos anos. Rodrigo Sauaia foi o moderador e apresentou os palestrantes Renan Gomes de Pieri, Professor da Escola de Administração da FGV; Rodrigo Almeida, Sócio e Consultor Sênior em Relações Governamentais da BMJ; e Natália Castilhos Rypl, Analista de Mercados e Energia Renovável na América do Sul da BloombergNEF.
Renan Gomes de Pieri começou falando sobre as perspectivas econômicas do Brasil e do mundo. Ele explicou alguns aspectos negativos para o futuro da economia brasileira baseada nas crises dos últimos anos somadas com as crises atuais.
“O Brasil tem um desafio muito grande em conter a inflação ao mesmo tempo em que precisa reduzir o desemprego e fazer com que a economia cresça enquanto os preços de produtos e insumos aumentam no mundo todo”, disse. Segundo o professor da FGV, o Brasil está conseguindo diminuir o desemprego, mas de forma lenta, o que diminui o poder de compra. A inflação está sendo controlada, mas ao custo de juros muito altos, sendo que as perspectivas de crescimento dependem de um controle das contas públicas.
Já Rodrigo Almeida destacou as perspectivas políticas para o Brasil em 2022, informando as expectativas quanto ao cenário político para as eleições do próximo ano. O ano eleitoral acontecerá em meio à pandemia em curso, sem muitos avanços em reformas políticas e administrativas, risco de um aumento de preços ainda maior nos combustíveis e o retorno da crise hídrica ainda mais agravada. Segundo o sócio da BMJ, há perspectivas de aprovação para projetos que impactam o setor solar FV, como o PL 5829/2019, PL 1917/2015 e o PL 414/2021.
Natália Castilhos apresentou as perspectivas para o setor de energias renováveis no Brasil e no mundo para os próximos anos. A analista de mercados de energia renovável da BloombergNEF citou o gás natural como a tecnologia mais barata para a geração de energia elétrica na maior parte do mundo em 2014. No entanto, em 2021, as fontes solar FV e eólica tornaram-se as mais baratas para uma parcela significativa de países, incluindo o Brasil. Natália falou ainda sobre a expectativa para a energia solar fotovoltaica atingir 171,8 GW de capacidade instalada acumulada no mundo até o fim de 2021.
Para ela, a solar deve ser a protagonista da matriz elétrica brasileira nos próximos anos, impulsionada principalmente pela geração distribuída, mas com o crescimento no número de projetos de geração centralizada também. Os investimentos adicionados após o início da pandemia foram maiores do que o esperado com recordes de investimentos no Brasil, principalmente por conta da GD. Natália apontou a estimativa de que, até 2050, cerca de 22% da geração de energia elétrica na matriz brasileira será da fonte solar FV. A palestrante ainda falou um pouco de armazenamento, apontando a expectativa de crescimento global, tanto pelas baterias eletroquímicas quanto pelo hidrogênio verde.
O mundo passa por um período de grandes desafios nas cadeias globais de suprimento para matérias primas (aço, alumínio, silício) e produtos (módulos, inversores, estruturas, rastreadores). Também enfrenta aumentos nos preços de combustíveis (petróleo, diesel, gás e carvão), que elevaram os preços de energia elétrica e causaram restrições na matriz energética chinesa com impactos nos preços dos insumos e produtos de vários setores.
Gustavo Vajda, Conselheiro da ABSOLAR, foi o moderador desta sessão e introduziu o tema falando sobre os históricos da geração centralizada solar FV no Brasil e dos leilões de geração. Vajda apontou também que, enquanto os preços para os EUA devem cair mais de 41% até 2026, eles estão em alta na China. Isso levou a uma escassez na produção de equipamentos e, consequentemente, a um aumento mundial nos preços; a alta do dólar no Brasil agrava ainda mais para este aumento.
Guilherme Nagamine, Diretor Executivo da L8 Energy, foi o segundo palestrante da sessão. Ele começou a palestra fazendo uma apresentação comercial da L8 Energy, mostrando o portfólio de produtos para a área de energia solar fotovoltaica e apresentação dos centros de distribuição. Nagamine fez uma contextualização do cenário de 2021 com a pandemia e as crises energética e imobiliária na China. De acordo com Nagamine, os preços podem aumentar mais de 10% até julho de 2022. Já em 2021, os custos de energia elétrica no Brasil acumularam alta de 24,97% na maior crise hídrica dos últimos 90 anos. “O mercado fotovoltaico não foi o único a sofrer com aumento de preços; tudo ficou mais caro no mundo, mas o setor fotovoltaico ainda tem muito a crescer mesmo com esse crescimento de custos”, disse.
Participaram da sessão debate Rafael Puglia, Sócio-Fundador da Vendemmia Logística Integrada; Vagner Rodrigues, Gerente de contas estratégicas da Ourolux; e Rômulo Pieta, CEO da Pieta.tech. Eles apresentaram produtos tanto para logística e serviços de engenharia como para iluminação, instalação elétrica e fotovoltaica, homologação de sistemas fotovoltaicos, bem como venda de plataformas personalizadas para distribuidoras de equipamentos.
Daniel Pansarella, Conselheiro Fiscal da ABSOLAR, foi o moderador da sessão e deu início a ela apresentando a ABSOLAR e seu papel no setor. Logo depois, ele contextualizou o panorama do mercado de eletricidade e o crescimento da digitalização do setor elétrico, bem como a sua descentralização e descarbonização. Pansarella destacou a ascensão da solar FV no Brasil, além de sua grande capacidade em gerar até 3 vezes mais empregos que a indústria do petróleo. O Conselheiro da ABSOLAR também falou sobre a importância de investimentos em P&D para que haja a inovação no setor e os avanços no armazenamento de energia elétrica. Neste segmento, segundo Pansarella, há tendência de queda de preços de forma comparável à queda dos módulos no passado.
O Conselheiro da ABSOLAR também apresentou os dois palestrantes da sessão: Fernando Castro, Country Manager da JA Solar; e Roberto Valer, Gerente de Soluções da Huawei. Fernando fez uma apresentação comercial da JA Solar com seu portfólio de produtos e estratégias de produção verticalizada. O palestrante explicou como a empresa atua em projetos com aplicação ESG (Environmental, Social and Corporate Governance).
Roberto Valer falou sobre a importância do armazenamento atualmente e no futuro, além das diferentes aplicações nas redes de transmissão e distribuição e sua capacidade de tornar as fontes renováveis variáveis – como a solar FV e eólica – despacháveis. Roberto também destacou sua importância para aplicações residenciais e comerciais no futuro com uma possível entrada da tarifa binômia. O Gerente de Soluções da Huawei também apresentou portfólio da empresa, com produtos focados em armazenamento de energia elétrica.
Participaram da sessão de debate Willian Marques, Engenheiro Mecânico da Solar Group; e Pedro Almeida, Engenheiro da Solis Inverter. Ambos fizeram apresentações comerciais de suas empresas, com portfólios de produtos para estruturas de fixação e fabricação de inversores fotovoltaicos.
O moderador da sessão, Marcio Takata, Conselheiro Regional Nordeste da ABSOLAR, começou falando sobre o ranking de crescimento da solar FV no mundo, geração de empregos, desejo do brasileiro pela energia solar fotovoltaica, projeções da tecnologia para 2050 e evolução da potência instalada no Brasil de forma exponencial. Também participaram da sessão: Carolina Reis, Diretora Comercial do Meu Financiamento Solar; e Fabio Carrara, CEO da Solfácil.
Carolina Reis falou sobre financiamento e a trajetória da empresa e apresentação comercial sobre suas soluções. Já Fabio Carrara destacou a importância da questão ambiental da tecnologia solar fotovoltaica e sobre como o financiamento viabilizou o mercado de geração distribuída no Brasil. Ele fez uma apresentação comercial da SolFácil e seus produtos e serviços e reforçou sobre como o mercado de veículos elétricos vai impulsionar ainda mais a GD nos próximos anos.
Guilherme Susteras, Conselheiro Regional Sul da ABSOLAR, começou a sessão contextualizando o motivo do crescimento da geração distribuída solar no Brasil e destacou a combinação da queda no custo da instalação e dos equipamentos combinada com o crescente aumento das tarifas de energia. Susteras, como moderador, também apresentou os palestrantes: Rodolfo Meyer, CEO do Portal Solar; Taís Tessari, Analista de Competitividade do Sebrae Nacional; e André Filipe Conchão, Presidente do Grupo Solar Maxx.
Rodolfo Meyer destacou que há uma tendência na queda dos preços junto com o aumento da eficiência dos módulos fotovoltaicos, barateando a tecnologia. Para ele, existe uma tendência de crescimento ainda maior com a chegada dos veículos elétricos. Há também a necessidade de as empresas definirem os nichos que irão atuar com o setor residencial, sendo o majoritário em termos de número de negócios, porém também sendo o que possui mais concorrência. Rodolfo também apresentou o histórico do Portal Solar na desconstrução de modelos de negócio sempre se adaptando àquilo que mais fazia sentido no setor em cada momento.
Já Taís Tessari informou sobre a proposta do Sebrae em transformar os pequenos negócios em protagonistas e como isso passa pelo desenvolvimento sustentável. Segundo a palestrante, o Sebrae enxerga a questão das energias renováveis nos pequenos negócios de duas maneiras: pelo lado da energia como insumo de produção, onde as renováveis têm o papel de redução de custos; e pelo lado dos pequenos negócios que trabalham com energias renováveis – majoritariamente solar FV. Tessari ainda destacou como a energia cara impacta mais de 90% dos negócios que o Sebrae avalia, sendo a principal preocupação de 11% das empresas.
A Analista de Competitividade do Sebrae Nacional disse que os principais fatores que contribuem para o fechamento de micro e pequenas empresas são a falta de preparo, o planejamento do negócio, a gestão do negócio e os problemas externos – como a pandemia, recessão e falta de acesso ao crédito. Já André Filipe Conchão fez uma apresentação motivadora das dificuldades e desafios enfrentados pela sua empresa e sobre como o foco no atendimento é essencial para os clientes.
O moderador da sessão e Especialista Técnico-Regulatório da ABSOLAR, Rafael Marques, fez uma apresentação institucional da ABSOLAR e seu papel em toda a cadeia de valor do setor fotovoltaico. Ele destacou o armazenamento como um canivete suíço do setor elétrico, com aplicações na geração, distribuição e transmissão de energia, permitindo um melhor aproveitamento dos recursos energéticos renováveis e postergando investimentos no sistema elétrico. Segundo Rafael, ele é cada vez mais presente e estratégico para a modernização de redes ao redor do mundo. O especialista também comentou sobre a queda nos custos da tecnologia de armazenamento comparada à queda dos preços de sistemas fotovoltaicos no passado.
De acordo com o moderador, a falta de regulamentação do armazenamento é uma barreira para o desenvolvimento de novos projetos. Já as barreiras tributárias relacionadas aos custos de importação, chegam a 70% do valor dos equipamentos. Rafael Marques destacou também a conquista da ABSOLAR na coordenação da CEE-23, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Além disso, falou da importância do Estudo de Armazenamento que a ABSOLAR contratou, patrocinado pelos associados, e que servirá de referência para pleitos junto a entidades governamentais para mostrar a importância e as aplicações desta tecnologia baseado no que está sendo feito em outros países mais avançados nesta aplicação.
Também participaram da sessão: Ariel Martins, Especialista Técnico da Fronius; José Antonio Rodrigues Neto, Diretor de Engenharia da Micropower; e Cyro Boccuzzi, fundador e Sócio-Diretor da ECOEE. Representando a Fronius, Ariel Martins fez uma apresentação comercial dos produtos da empresa para armazenamento, incluindo armazenamento com baterias e soluções com hidrogênio verde. José Rodrigues fez uma apresentação comercial sobre a Micropower e falou do primeiro projeto de armazenamento no SIN que foi desenvolvido para a Vale. Segundo ele, a empresa foi a primeira a trazer o armazenamento como serviço ao Brasil. Rodrigues também comentou sobre as dores do segmento por conta das questões regulatórias.
Cyro Boccuzzi comentou sobre a transição energética mundial que passa pela digitalização, descentralização, democratização, descarbonização e que gera ciclos de inovação. O fundador e Sócio-Diretor da ECOEE apresentou o panorama do armazenamento de energia elétrica com as dores da falta de regulamentação que dificulta a implantação destes projetos e apontou soluções para o segmento em larga e pequena escala, como o bombeamento de água em grandes reservatórios, baterias eletroquímicas e o hidrogênio verde. Na sessão de debates, houve a participação de Ivan Sarturi, Engenheiro Eletricista da PHB Solar. Ele fez uma apresentação comercial sobre a empresa e seus produtos para armazenamento.
Marcio Trannin, Vice-Presidente do Conselho de Administração da ABSOLAR, foi o moderador desta sessão. Ele introduziu o tema dando mais detalhes sobre o mercado livre de energia, que, de acordo com Trannin, é a nova fronteira de desenvolvimento da energia solar no Brasil. Segundo o moderador, os leilões no Ambiente de Contratação Regulada (ACR) devem perder força frente à expansão do Ambiente de Contratação Livre (ACL), que já representa 35% do mercado de energia elétrica nacional. Durante sua fala, o Vice-Presidente do Conselho de Administração da ABSOLAR informou que a tarifa de energia elétrica no ACR cresceu muito acima da inflação em 2021, mas falta de regulamentação restringe a migração de consumidores para o ACL.
Trannin ainda falou sobre as oportunidades da energia solar fotovoltaica no mercado livre de energia, além de PLD horário e armazenamento de energia. Comentou também sobre os desafios que o setor enfrenta para aumentar o protagonismo da fonte solar na matriz elétrica e as dificuldades em solucionar o constrained-off e em proporcionar mais isonomia entre o ACL e o ACR. Segundo o moderador, há diversas medidas estruturantes que são essenciais para a fonte solar, como a importância de 70% da energia contratada ser proveniente das fontes solar e eólica, o aprimoramento da portaria MME n° 444/2016, e a isonomia no cálculo da TUSD/TUST no ACL e ACR.
Também participaram: Carlos Eduardo Cabral, Superintendente de Concessões e Autorizações de Geração da SCG da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel); e Carlos Ratto, CEO do Balcão Brasileiro de Comercialização de Energia (BBCE). Cabral começou a palestra falando sobre o grande aumento na procura de outorga de usinas solares de grande porte. Foram contabilizados 4.600 novos despachos de Registro de Requerimento de Outorga (DROs) em 2021 – dentre eles 90% da fonte solar – frente aos 1.800 DROs de 2020.
De acordo com o superintendente, após a publicação da lei 14.120/2021, houve um aumento de quatro vezes na média mensal na procura pelo Registro de Requerimento de Outorga. “Foram encaminhados pela SCG para deliberação 620 empreendimentos em 2021, referentes a novos 24 GW. Até o fim de 2021, esse número deve atingir 700 empreendimentos”, disse. Cabral informou ainda que, nos últimos quatro meses, foram protocolados 1.200 pedidos de outorga, compreendendo cerca de 40 GW. Destes, mil pedidos contemplam usinas solares fotovoltaicas. “No entanto, existe a preocupante diferença de 40 GW entre empreendimentos outorgados e em operação”, apontou.
O palestrante também falou sobre a Resolução Normativa (REN) 876/2020, que compilou outras três RENs: 390/2009, 391/2009 e 676/2015. Em outro ponto, houve aprimoramentos no processo de outorga da postergação da avaliação técnica, da fixação do prazo de validade para a informação de acesso, do direito de construção não vinculante, do cronograma com prazos fixos por fonte; do aprimoramento da análise de separação de usinas; da atualização de cronograma apenas após o início das obras e da simplificação da alteração de titularidade e de pedidos de alteração até a operação comercial.
Já na palestra de Carlos Ratto, o CEO do BBCE destacou pontos importantes da geração solar fotovoltaica, que é capaz de levar energia para regiões carentes e remotas e diversifica a matriz elétrica brasileira tão dependente da fonte hídrica. Ratto também falou um pouco sobre o trabalho do BBCE. O objetivo do Balcão Brasileiro de Comercialização de Energia é trazer liquidez e transparência para o ACL, além de divulgar diariamente a curva de preços da energia do Ambiente de Contratação Livre. Segundo ele, 30% do total de energia do mercado livre de energia é negociado pela BBCE. O palestrante também falou sobre o mercado de balcão organizado, em que não há a necessidade da existência da energia física e pode-se garantir o preço da energia futura. Além de ter aproximação do mercado financeiro com o mercado de energia, já foram negociados 3TWh em derivativos de energia. Para Ratto, o balanço entre liquidez e segurança possibilita o desenvolvimento do mercado de energia sem engessamento.
Luis Pita, Diretor Geral da Atlas Renewable Energy, participou da sessão de debates e apresentou a empresa que, em seus quatro anos de existência, apresentou um crescimento de 500%. Pita informou que a Atlas atua em geração centralizada, financiando, desenvolvendo, operando e construindo parques de energia limpa na América Latina. Segundo o participante, uma das grandes oportunidades no mercado solar é a revolução pelo investimento em descarbonização. Por outro lado, há um alerta no setor: a inflação de 30% nos últimos 3 meses, que afeta o CAPEX de novos investimentos. Esse fator soma-se a outros desafios, como o fim dos benefícios na TUST e TUSD pela Lei 14.120 de 2021 e o fato de que os locais com melhores recursos muitas vezes não condizem com os melhores locais para o custo de transmissão. Por fim, Pita apontou que a energia sustentável apresenta extensos impactos sociais e ambientais positivos.
Como moderadora, Camila Ramos, Vice-Presidente de Financiamento da ABSOLAR, deu início à sessão informando que, em 2021, o Brasil ultrapassou 4,5 GW de usinas solares em geração centralizada – o que representa R$ 23 bilhões em investimentos. Segundo ela, as debêntures têm papel fundamental no financiamento da GC. Camila Ramos também apresentou os palestrantes: Julia Ambrosano, Gerente de Infraestrutura da Climate Bonds Initiative (CBI); Alan Andrade Luz, Gerente de Escritório de Promoção e Atração de Investimentos e Relacionamento Institucional do Banco do Nordeste (BNB); e Aymar Almeida, Sócio e Gestor responsável pelo fundo de infraestrutura da Kinea Investimentos.
Julia Ambrosano falou sobre as funções da CBI. São elas: elaborar critérios de definição do que é verde, fomentar o mercado de títulos verdes internacionalmente; definir critérios para a elegibilidade de ativos e produzir análises e inteligência de mercado. Segundo a palestrante, um título verde atrai uma carteira de investidores totalmente nova; para complementar, estes investidores focam em projetos com credenciais verdes claras. “O título de sustentabilidade é baseado na soma dos critérios de títulos verdes e títulos sociais. Atualmente, o setor de energia renovável é o mais financiado por títulos verdes no Brasil”, disse. De acordo com Ambrosano, 21% das emissões de títulos verdes no Brasil foram dedicadas à energia solar fotovoltaica, sendo que, até o primeiro semestre de 2021, houve a emissão de USD 10,3 bilhões em títulos verdes no País.
Alan Andrade Luz explicou que o BNB atua no nordeste ampliado, que engloba também as regiões norte dos estados de Minas gerais e Espírito Santo. O objetivo do banco é fomentar o emprego, a renda e uma economia retroalimentada nos locais de atuação. Andrade também comentou sobre o orçamento do Proinfra, com a projeção de aproximadamente R$ 26 bilhões em 2022. De acordo com o palestrante, o BNB fornece prazos de financiamento de até 24 anos para a geração centralizada e 12 anos para a geração distribuída. “Para 2022, haverá linha de corte por grupo econômico para a GC, em cerca de R$ 300 milhões, e a possibilidade de garantias personalizadas”, disse. Andrade também comentou sobre o FNE Sol, uma linha de crédito especialmente desenhada para o financiamento de sistemas de micro e minigeração distribuída de energia por fontes renováveis, para consumo próprio dos mutuários ou destinados à locação, direcionadas as empresas (pessoa jurídica), produtores rurais ou pessoas físicas.
Aymar Almeida, por sua vez, apresentou números da Kinea Investimentos: R$ 56 bilhões em ativos sob gestão; R$ 4.2 bilhões investidos em infraestrutura; e R$ 530 milhões em projetos solares – cerca de 175,6 MW. Segundo Aymar, a geração distribuída ainda não é elegível para debêntures incentivadas, mas, até fevereiro, a Kinea investirá mais de R$ 200 milhões na fonte solar fotovoltaica. O palestrante explicou que o fundo de infraestrutura não permite resgate, sendo listado em bolsa. Seu resgate, portanto, é feito por meio da venda de ativos.
Para a sessão de debates, Rodrigo Assunção, Diretor Financeiro, de Planejamento e Novos Negócios da Atiaia Energia, apresentou a empresa de geração e comercialização de energia limpa. Ela está no mercado de 2004 e já tem 200 MW de capacidade instalada, com receita anual de aproximadamente R$ 300 milhões. A Atiaia Energia atua nos mercados de bancos de fomento, debêntures e Ações Preferenciais Resgatáveis (APRs). De acordo com Assunçao, no futuro atuará também nos mercados de Green Bonds e instrumentos híbridos (IPO e M&A).
O moderador Nelson Falcão, Vice-Presidente de Cadeia Produtiva da ABSOLAR, introduziu a sessão explicando que o objetivo desta era dividir aprendizados na operação de grandes usinas solares e levantar pontos importantes durante o ciclo de vida do projeto. Também participaram da sessão: Jeferson Marques, Diretor de Operação e Manutenção (O&M) da Atlas Renováveis; Juliana Santos, Gerente de Ativos da Nextracker; e Rodrigo Sauaia, Presidente Executivo da ABSOLAR.
Jeferson Marques explicou que, nos últimos anos, houve uma mudança de tratamento de usinas solares e eólicas no sistema elétrico brasileiro. Antes elas eram vistas apenas como fontes intermitentes de potência ativa. Atualmente, em alguns momentos, já são requeridos o controle de tensão por reativos e o controle de frequência. Assim, as usinas solares passaram a ter um papel ativo no controle da estabilidade do sistema. “Apesar do aumento do papel das usinas solares e de sua importância para o sistema elétrico, o constrained-off ainda não está regulamentado para estas usinas, que sofrem bastante com a impossibilidade de geração pela desconexão, o que reduz o fator de capacidade de diversas plantas”, apontou.
Segundo o palestrante, a previsão de geração é um ativo importante não só para suporte à operação das usinas, mas também à operação do sistema elétrico. Porém, os modelos confiáveis de previsão apresentam alguns desafios, como: modelagem específica para cada planta com suas características, dados e modelos de irradiação confiáveis e previsão e medição de nebulosidade.
Na visão de Juliana Santos, as estruturas de posicionamento ativo de módulos fotovoltaicos, chamados de trackers, sofreram uma evolução tecnológica, aumentando o fator de capacidade de usinas fotovoltaicas. Segundo Juliana, a Nextracker já entregou mais de 55 GW em trackers para energia solar, sendo que todos eles possuem estrutura e acionamento individualizados. “Os trackers propiciam um ganho de 32% na geração de energia, se comparados às estruturas fixas, e implicam no aumento do CAPEX na ordem de apenas 7%”, disse.
A palestrante informou que o impacto no OPEX de uma planta pelo uso de trackers gira em torno de 12%. Além disso, foram feitos estudos para a redução do efeito de sombreamento das estruturas em módulos bifaciais, propiciando um ganho de geração de energia. Juliana explicou três fatores que têm relação com os trackers. O sistema de controle inteligente True Capture, por exemplo, promove o controle para evitar o sombreamento de um tracker em outro, de acordo com o horário. Já o Split Boost é um algoritmo de otimização de ganho de geração para Split-Cells. Por último, há o controle de mitigação de fatores climáticos, que evita danos aos módulos em condições de ventos fortes, inundação, granizo etc.
Em sua palestra, Rodrigo Sauaia fez algumas reflexões futuras para a geração centralizada. Segundo o Presidente Executivo da ABSOLAR, existe um acúmulo de fatores estratégicos importantes e um gargalo criado pela pandemia. Nos últimos cinco leilões de energia renovável, a solar foi a fonte mais barata em quatro deles. O mercado livre de energia, por sua vez, tem potencial para compor 60% de todo mercado de energia elétrica. Sauaia também mencionou a lei 14.120 de 2021, que criou uma corrida das outorgas quando estabeleceu o fim dos descontos da TUST e TUSD. Além disso, há alguns desafios para a geração centralizada solar: no que envolve o constrained-off, existe a impossibilidade de prever o impacto na fase de análise de investimentos. A ABSOLAR se empenhou para que este tema entrasse na agenda da Aneel de 2022.
De acordo com Sauaia, o parque gerador precisa ser remunerado pelos serviços de suporte ativo ao sistema elétrico, como a absorção de reativos no horário noturno. “O custo da energia solar tem menor variação, se comparado ao de outras fontes, pois o insumo solar não tem cotação variável no mercado”, informou. O palestrante também destacou os modelos de previsão de geração que são fundamentais. Eles devem englobar: análise histórica da irradiação; medição em campo não só da irradiação, mas também da nebulosidade; e modelos matemáticos preditivos detalhados.
Carlos Dornellas, Diretor do Departamento Técnico-Regulatório da ABSOLAR, iniciou a última sessão do Encontro Nacional ABSOLAR apontando que o ACL já representa 34% do mercado de energia elétrica no País. Além dos preços no ACL terem a tendência de serem mais baixos que no ACR, no mercado livre de energia pode-se optar por comprar energia de uma fonte limpa. A liquidez existente no ACL também permite que possa haver ampla escolha do fornecedor de energia.
Como moderador, Dornellas também apresentou os palestrantes: Rodrigo Navarro, Conselheiro da ABNT, CNI e FIESP e Presidente da Associação Brasileira da Indústria Materiais de Construção (Abramat); e Cesar Pereira, Gerente Executivo de Capacitação e Regulação da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Rodrigo Navarro destacou que a importância de fontes de energia limpa é crescente. “A energia limpa tornou-se requisito para linhas de financiamento mais vantajosas”, disse.
De acordo com o palestrante, existe grande sinergia entre o setor solar e a indústria da construção civil. “É preciso embasar regulamentações sobre uma sólida base de dados, deixando de lado as opiniões. O fomento da indústria 4.0 é algo de deve ser estimulado por todos os setores”, apontou. Já Cesar Pereira apresentou suas visões a respeito do mercado livre de energia. Para o gerente executivo da CCEE, em termos de capacidade instalada, a energia solar fotovoltaica representa 3% do ACL, enquanto em termos de garantia física, a fonte representa 1%.
“A energia solar começa a aparecer no ACL em 2019, por meio de Leilões de Energia Nova, em que os empreendimentos podem vender parte da energia no mercado livre, como a venda de energia de antecipação”, explicou. “A cada ano, as usinas solares tendem a deixar uma fração maior de sua energia para a comercialização no ACL”. Segundo Cesar, os diferenciais da solar no ACL são o perfil de geração, que atende a consumidores de vários segmentos que atuam no horário comercial, e a geração de energia em horários de preços mais altos.
Para o palestrante, as principais oportunidades para a fonte solar atualmente giram em torno do ACL, que conta com muitos contratos de longo prazo. Além disso, há expectativa de melhora no fator de capacidade com a resolução do constrained-off, a possibilidade de empreendimentos híbridos e a crescente abertura do mercado de energia elétrica.
Thiago Vianna Arruda, CEO da Oeste Solar, participou da sessão de debates. Ele informou que a empresa começou na atividade de integradora para o agronegócio em 2018. Depois de 40 MW instalados em três anos, a Oeste Solar inicia sua atuação no ACL. Atualmente, a empresa possui 80 MW de projetos desenvolvidos em geração distribuída, 40 MW de empreendimentos operando com capacidade total e três projetos de geração centralizada. “Utilizando-se como referência a projeção que em 2050 a energia solar será responsável por 30% do mercado de energia elétrica, pode-se estimar um mercado da ordem de 600 bilhões de dólares até lá”, disse. Para Arruda, é extremamente necessário um programa de capacitação de integradores para a melhora dos ativos da energia solar fotovoltaica.