Descubra os eventos da ABSOLAR e esteja na vanguarda da evolução energética sustentável.

Resumo Executivo ABSOLAR Meeting Nordeste 2025

Abertura

A abertura do Meeting Nordeste 2025 foi marcada por alertas e perspectivas sobre o futuro da energia solar no país. Ronaldo Koloszuk, Presidente do Conselho da ABSOLAR, destacou a preocupação com a MP 1.304/2025, que pode ser votada nas próximas semanas, dentro da pauta de modernização do setor elétrico. Segundo ele, o texto apresenta três riscos principais: a criação de tarifas diferenciadas para a geração distribuída, alterações no teto da CDE e a possível obrigatoriedade do uso de baterias, o que elevaria os custos dos sistemas. Koloszuk reforçou a necessidade de mobilização imediata do setor junto ao Congresso para evitar retrocessos e defender que a modernização do setor elétrico ocorra sem prejudicar a energia solar.

Guilherme Sá, Secretário Executivo de Energia de Pernambuco, apresentou o estado como referência na transição energética, com 1,5 GW em geração distribuída — um crescimento de 60% em um ano. Destacou medidas de desburocratização do licenciamento ambiental, como a dispensa para projetos de até 0,5 MW, e uma nova plataforma digital que reduziu o tempo médio de análise de 156 para 32 dias. Citou também a Usina Santa (60 MW), que entrará em operação em novembro e abastecerá 52 órgãos públicos com energia 100% renovável, gerando economia anual de R$ 17 milhões.

Fábio Costa, Superintendente do Banco BV, ressaltou o papel da instituição como principal parceira financeira do setor solar, com mais de 290 mil clientes financiados e novas estratégias para ampliar o acesso a crédito e oferecer condições mais competitivas.

Os Coordenadores Estaduais da ABSOLAR reforçaram o papel da mobilização local. Luzer Oliveira (PE) destacou a importância de fortalecer os integradores, promover a profissionalização e manter o diálogo direto com parlamentares. Santiago Gonzalez (BA) defendeu a união e o associativismo como essenciais à defesa do setor, com apoio das Secretarias de Desenvolvimento Econômico e Ambiental. Jonas Becker (CE) enfatizou o impacto social e econômico da geração distribuída no interior do Nordeste e a necessidade de articulação política contínua, citando a atuação do Deputado Fernando Filho.

Finalizando a abertura, Rodrigo Sauaia, CEO da ABSOLAR, destacou a próxima “onda” do setor: o armazenamento de energia elétrica, que deve crescer ainda mais rápido que a geração solar. Ele ressaltou o trabalho da associação junto à Aneel e ao Governo para regulamentar o tema e garantir incentivos adequados. Sauaia também apontou o hidrogênio verde como novo vetor de expansão e destacou o protagonismo de estados como Pernambuco na atração de investimentos. Mencionou ainda que o Brasil está se consolidando como polo global de data centers, com 50 projetos (14 GW) protocolados — sendo 18 no Nordeste —, o que representa novas oportunidades para a energia renovável. Por fim, lembrou que eventos como a COP30 ampliam a visibilidade internacional do país, fortalecendo seu papel de liderança na transição energética e na geração de empregos verdes.

Painel 1 - O Nordeste solar: avanços, soluções e desafios regionais

Guilherme Sá abriu o primeiro painel do dia destacando a importância de garantir segurança operacional e facilitar a entrada em operação de novas unidades de geração no sistema elétrico, com atenção à capacidade de conexão e às rampas de operação. Ressaltou que, embora os investimentos recentes no Nordeste sejam expressivos, ainda é necessário ampliar a infraestrutura e integrar soluções complementares, como o armazenamento de energia. Citou como exemplo o projeto de Fernando de Noronha, que permitirá que 85% da matriz elétrica local seja atendida por energia solar com baterias, evidenciando a viabilidade técnica das fontes renováveis e a necessidade de políticas fiscais e tecnológicas para atrair mais investimentos à região.

Na sequência, Wilson Zafani, Head Comercial de Solar no Banco BV, reforçou o compromisso da instituição em fomentar o mercado solar. Desde 2018, o banco já atendeu mais de 170 mil clientes, com financiamentos que podem chegar a R$ 3 milhões por projeto, abrangendo desde condomínios até eletropostos e consolidando-se como um dos principais agentes financeiros do setor.

Willian Marques, Engenheiro e Coordenador Comercial da Solar Group, abordou a relevância da segurança nas instalações fotovoltaicas, destacando que cada região do Brasil possui desafios específicos que exigem projetos e materiais adaptados. Reforçou o papel do fabricante em oferecer kits 100% brasileiros e suporte técnico completo aos integradores, incluindo treinamentos, acompanhamento pós-venda e visitas técnicas, assegurando a correta execução e durabilidade dos sistemas.

Encerrando o painel, Luiz Eduardo, Country Manager da TCL, destacou que o Brasil dispõe de tecnologia de ponta e produtos de alta qualidade, mas ainda enfrenta entraves ligados à assistência técnica regional e à segurança jurídica. Segundo ele, a ausência de suporte local ágil e confiável pode gerar problemas de longo prazo, mesmo em projetos com equipamentos de primeira linha, reforçando a necessidade de fortalecer a cadeia de serviços e manutenção do setor solar.

Painel 2 – Armazenamento, digitalização e tecnologias que estão transformando o setor

Santiago, CEO da Amaranet Zero, abriu o painel apontando os sistemas de armazenamento como estratégicos para a transição energética, contribuindo para reduzir o curtailment e compensar atrasos na transmissão. Ressaltou o papel das baterias no gerenciamento da geração e na suavização da oferta, apontando a diversificação, os data centers e a hibridização dos parques como oportunidades de expansão. Enfatizou ainda a inteligência artificial como ferramenta essencial para análise e apoio à decisão no avanço do setor.

Emanuele Jordão, Gerente da ABVE, destacou que o Brasil está próximo de 200 mil veículos eletrificados, com 64% das vendas entre 2012 e 2025 sendo de modelos plug-in, e possui 16.880 eletropostos públicos e semipúblicos, sendo o Nordeste a segunda região em vendas. Ressaltou a importância da segurança, citando as diretrizes da LIGABOM e a padronização de conectores pelo Inmetro (Tipo 2 e CCS-2) em alinhamento à COP30, e enfatizou a necessidade de seguir normas e boas práticas na instalação e uso dos sistemas de carregamento.

Já Lucas Langa, Coordenador de Vendas da WEG, apresentou as soluções off-grid e microrredes da empresa para geração distribuída, destacando a queda no custo das baterias e o papel estratégico do armazenamento de energia na transição energética. Ressaltou a necessidade de incentivos no Brasil frente à crescente demanda por fontes renováveis e data centers. Apresentou cases de sucesso no agronegócio, em áreas remotas, em Fernando de Noronha e em parceria com a Natura, além de anunciar a instalação de um novo centro de distribuição no Nordeste, próximo a Recife, com inauguração prevista para janeiro de 2026.

Camila Careli, Especialista de Produtos de Armazenamento de Energia da Sungrow, apresentou soluções de armazenamento e microrredes para o Nordeste, destacando sistemas de backup, BESS voltados à economia do cliente e arbitragem de energia. Ressaltou a tendência das microrredes de autoconsumo, as baterias de grande porte para o segmento C&I — incluindo o modelo Power Stack, com resfriamento e controle inteligente —, e mencionou a queda de 40% no custo dos sistemas entre 2024 e 2025, reforçando o compromisso da empresa com o desenvolvimento do setor energético.

Concluindo o painel, Daniel Jesus, CEO da Fist Asset & Crowdfunding, ressaltou a necessidade de estimular o ecossistema de inovação no Brasil e apresentou a plataforma FIST, que conecta investidores e clientes via blockchain para aumentar confiança e transparência. Destacou que a transformação digital é um pilar estratégico e enfatizou os quatro pilares da transição energética — descarbonização, descentralização, democratização e digitalização — como base para negócios sustentáveis e inovadores.

Painel 3 – GD e distribuidoras: como superar os pontos de tensão?

Márcio Takata, Conselheiro da ABSOLAR, iniciou o Painel 3 discutindo os problemas da inversão de fluxo na Geração Distribuída (GD). Segundo ele, tais alegações são infundadas e carecem de comprovação por parte das distribuidoras. Do ponto de vista regulatório, sugeriu incentivar o armazenamento da energia gerada nos momentos de maior radiação solar e aumentar a injeção nos períodos de menor radiação — que coincidem com os horários de maior demanda.

Na sequência, João Amadeus, Sócio-Gestor da Área Tributária da Martorelli, destacou que qualquer incentivo que extrapole os limites do Convênio ICMS nº 16/15 está em desacordo com a legislação. Ele sugeriu que uma nova regra de transição para os incentivos irregulares pode ser uma boa solução, trazendo mais segurança ao setor. Ressaltou ainda que qualquer movimento precisa ser feito agora, já que os incentivos relacionados ao Convênio ICMS tendem a diminuir ainda mais com o início da transição no âmbito da Reforma Tributária.

Filipe Godoy Souza, Gerente de Geração da Kroma Energia, abordou os principais desafios regulatórios e operacionais da Geração Distribuída (GD), como a inversão de fluxo e os erros nos faturamentos dos consumidores. Como possíveis soluções, destacou a importância da transparência das distribuidoras no envio de informações relacionadas à inversão de fluxo. Além disso, mencionou que os consumidores podem recorrer à judicialização diante dos erros cometidos pelas distribuidoras.

Encerrando o painel, Adriano Santana, Coordenador de Energia Elétrica e Gás Canalizado da Agência de Regulação de Pernambuco (ARPE), enfatizou que a Agência atua na regulação do Estado de Pernambuco sob autorização da ANEEL. Ele destacou que, em relação às reclamações encaminhadas às ouvidorias, a ARPE analisa cada processo individualmente, considerando as particularidades de cada situação.

Encerramento do evento

No encerramento do evento, Rodrigo Sauaia, CEO da ABSOLAR, agradeceu a todos os presentes e reforçou os principais pontos mencionados pelos painelistas ao longo do dia. Além disso, convidou o público a participar do Encontro Nacional da ABSOLAR e dos demais eventos programados para este ano.

Na sequência, Luzer Oliveira, Coordenador Estadual da ABSOLAR em Pernambuco, também agradeceu a presença de todos e fez um alerta, incentivando que os participantes relatem os problemas enfrentados com as distribuidoras.

Santiago Gonzalez, Coordenador Estadual da ABSOLAR na Bahia, destacou a importância da participação e do engajamento de todos, ressaltando que esse é um momento decisivo para o avanço da Geração Distribuída no Brasil.

Por fim, Jonas Becker, Coordenador Estadual da ABSOLAR no Ceará, reforçou a importância do diálogo com os líderes locais e da mobilização política, com o objetivo de evitar que a MP nº 1.304/2025 avance em direções que possam prejudicar a Micro e Minigeração Distribuída (MMGD). Segundo ele, medidas como o rateio dos custos do Constrained-off para a MMGD “não fazem o menor sentido”.