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Resumo Executivo ABSOLAR Meeting Nordeste 2022

ABSOLAR encerra ciclo de Meetings regionais em meio à energia e cultura da Bahia

No dia 28 de julho de 2022, a cidade de Salvador (BA) recebeu o ABSOLAR Meeting Nordeste no Wish Hotel da Bahia. Grandes players do setor reuniram-se para levar informações de qualidade sobre o desenvolvimento da energia solar fotovoltaica na região com muito conteúdo e novidades exclusivas. Quem acompanhou presencialmente, ainda pôde visitar a exposição das empresas parceiras e interagir com vários fornecedores do setor.

Confira abaixo o resumo executivo de tudo o que aconteceu nessa edição do ABSOLAR Meeting:

Sessão de abertura

Grandes números da energia solar e panorama da fonte na região Nordeste marcam a cerimônia de abertura

O Presidente do Conselho de Administração da ABSOLAR, Ronaldo Koloszuk, deu início ao evento destacando os números já alcançados pela energia solar no Brasil e o notável crescimento e potencial do estado da Bahia no setor de energias renováveis. Koloszuk falou sobre a novidade do mês de julho em que a energia solar é a terceira maior fonte na matriz elétrica brasileira e ressaltou a praticidade das instalações e a velocidade com que é possível colocar uma geração solar fotovoltaica em operação. Em sua fala, o presidente também comentou a respeito das novas fronteiras de expansão para a energia renovável, com a chegada das tecnologias de armazenamento e carros elétricos, e como esse crescimento acelerado exige atenção do setor aos desafios previstos. São eles a resistência imposta pelas outras fontes, além de custos tributáriosnecessidade de aprimoramento regulatório, entre outros.

Jonas Becker, Coordenador Estadual da ABSOLAR no Ceará, apontou, durante a abertura, a importância da energia solar para o desenvolvimento das regiões, com destaque para o Nordeste. “A energia solar fotovoltaica apresenta-se como uma oportunidade em que o interior tem vantagens sobre as grandes cidades”, disse. Becker também apresentou os números da fonte nos estados do Nordeste, com destaque para Bahia (487 MW), Ceará (398,4 MW) e Pernambuco (368,5 MW) com maiores potências instaladas. Piauí (236 MW), Paraíba (199,2 MW), Alagoas (108,4 MW) e Sergipe (64,1 MW) seguem com enorme potencial a ser explorado. O coordenador da ABSOLAR também comentou sobre Teresina (PI), que tem se destacado no cenário nacional, impulsionado pelo programa municipal que incentiva a instalação de energia solar. Atualmente, a cidade ocupa a segunda posição no ranking dos municípios brasileiros com maiores potências instaladas.

Em sua fala, Becker ressaltou os grandes números da geração solar no Nordeste: 2,4 GW de capacidade instalada; mais de 12 bilhões investidos; mais de 4 bilhões em arrecadação; e mais de 71 mil empregos gerados.

Mais de 80% das instalações estão em residências. Esses projetos de menor porte também respondem pela maior parte da potência instalada”, apontou. “A energia solar tem menor impacto ambiental e contribui para a preservação dos níveis dos reservatórios das hidrelétricas. Com isso, ameniza a ativação das bandeiras tarifárias”. O coordenador também destacou a política de investimentos dos Estados Unidos (EUA) em energia limpa, notadamente a solar, que envolve cerca de USD 300 bilhões. “Esse investimento contribui para a redução do custo da energia para o consumidor e, consequentemente, para a redução do impacto dos custos da energia na inflação”, disse.

Aline Lobo, Coordenadora do Sebrae Energia na Bahia, lembrou que a instituição tem 20 anos de atuação no setor elétrico, mas teve sua atuação intensificada a partir de 2021 por conta da força da energia solar fotovoltaica. Aline destacou o lema que inspira a entidade: “Energia para todos e oportunidade para muitos”. Ela entende que a energia, como insumo, é um custo significativo para os pequenos negócios, mas também significa uma oportunidade para muitos que atuam nas cadeias de fornecimento de produtos, serviços e tecnologias para o setor de energia.

“A nossa expectativa é de muitos investimentos e oportunidades de negócios para as pequenas empresas que atuam do setor, geração de mais empregos qualificados e de contribuição para o desenvolvimento socioeconômico em diversas regiões do País”, disse. Aline informou que o site do Sebrae Energia possui um portfólio para as empresas interessadas. Além disso, a instituição está implementando novos projetos e iniciativas no interior do estado.

Rodrigo Sauaia, Presidente Executivo da ABSOLAR, trouxe para a cerimônia de abertura os grandes números da energia solar no mundo e no Brasil. Foram destacadas as metas de neutralidade de emissões de gases de efeito estufa, sendo que alguns países estão com iniciativas mais atuais, enquanto outros, estão pensando somente a longo prazo. É importante lembrar, no entanto, que a energia solar tem um papel fundamental para combater as mudanças climáticas.

Atualmente, o Brasil é o 13º País com maior capacidade acumulada, mas o 4º com maior capacidade adicionadaSão mais de 492,4 mil empregos gerados nacionalmente, mas Sauaia acredita que a fonte ainda está no começo e tem muito a percorrer. “Além disso a energia solar fotovoltaica é geradora de emprego e renda, especialmente, para as regiões de menor IDH do Brasil. Estes locais também são os que reúnem as melhores condições climáticas para a instalação da solar”, apontou.

Sauaia informou que os empregos gerados pela energia solar são de melhor qualidade, com remuneração acima da média brasileira. “O Nordeste é líder disparado na geração solar de grande porte. Tanto que o tema do ABSOLAR Meeting é justamente mais voltado para o enorme potencial que a geração própria de energia tem na região, disse. De acordo com o presidente executivo, as projeções demonstram que, em 2050, a solar fotovoltaica será a principal fonte de geração de energia na matriz brasileira, assumindo o posto de liderança, que hoje é ocupado pelas hidrelétricas.

Denise Matos Mach, Diretora de Interiorização do Desenvolvimento e Fomento à Indústria de Energias Renováveis da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, começa sua fala destacando que a Bahia é uma potência em energia solar. “Devemos valorizar e divulgar nossos números”, disse. Denise antecipou, em primeira mão, que o governo do estado vai publicar um decreto para a ampliação de políticas públicas que devem expandir o uso de energia solar na região, atrair novos investimentos, gerar mais emprego e renda e abrir mais oportunidades de negócios no território baiano.

O decreto anunciado vai regulamentar a Lei Estadual nº 13.914, de 2018, e instituir a Política Estadual de Incentivo à Geração e Aproveitamento de Energia Solar Fotovoltaica no estado da Bahia. A proposta é criar um programa estadual de incentivo à tecnologia fotovoltaica, com linhas de crédito especiais, disseminação de informações de mercado e celebração de acordos de cooperação técnica e remunerada, visando pesquisa, incentivos fiscais e financeiros.

Já Ivan Euler Paiva, Subsecretário da Secretária de Sustentabilidade e Resiliência da Prefeitura de Salvador, destacou programas importantes que incentivam a energia solar no estado, como é o caso do IPTU Amarelo e Salvador Solar. Para Ivan, a fonte é essencial para a geração de emprego e renda no município. O palestrante também lembrou a audiência sobre o Mapa Solarsite que permite ao cidadão interessado avaliar o potencial de geração solar fotovoltaica de sua residência, e o programa municipal de capacitação técnica com cursos gratuitos. “Os alunos formados conseguem empregos rapidamente em menos de 1 mês. Em 2022 devem se formar 100 alunos”, disse.

Painel 1: Oportunidades e desafios da geração própria solar: legislação, tributação, logística e conexão

Bárbara Rubim, Vice-Presidente de Geração Distribuída da ABSOLAR, iniciou o primeiro painel do ABSOLAR Meeting Nordeste falando sobre os dois vetos sofridos na conversão do Projeto de Lei (PL) 5829/2019 na Lei nº 14.300/2022 – marco legal da geração distribuída (GD). No dia 14 de julho de 2022, o Congresso derrubou esses vetos e haverá, agora, o processo para a promulgação.

Rubim também falou sobre a regra de transição. Os consumidores com GD na data de publicação da lei e os pedidos de solicitação de acesso feitos até 7 de janeiro de 2023, permanecem na regra atual até 31 de dezembro de 2045. Os consumidores perdem o “direito adquirido”, em casos de encerramento do contrato com a distribuidora, troca de titularidade – visto que o direito previsto continuará a ser aplicado ao novo titular –, e comprovação de ocorrência de irregularidade no sistema de medição atribuível ao consumidor. Há perda também quando a parcela de aumento da potência instalada cujo protocolo da solicitação de aumento ocorra após 12 meses após a data de publicação desta lei.

Durante a palestra, a vice-presidente de geração distribuída da ABSOLAR comentou também a respeito do Encontro de Contas. Caberá ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) estabelecer as diretrizes para valoração dos custos e benefícios da geração distribuída, após ouvir todos os agentes interessados. O CNPE deverá considerar todos os benefícios da microgeração e minigeração distribuída ao sistema elétrico compreendendo as componentes locacional, geração, perdas técnicas, transmissão e distribuição. Com base nisso, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) efetuará os cálculos, seguindo tais diretrizes e consultando a sociedade. Bárbara Rubim também comentou sobre a Consulta Pública (CP) nº 129/2022 do Ministério de Minas e Energia (MME), aberta em 23 de junho, e que recebeu contribuições até o dia 15 de julho.

Rubim citou que a GD já atenuou os custos da última crise hídrica em R$ 45 bilhões. “A geração distribuída não pede tratamento vantajoso, mas sim, tratamento tecnicamente equilibrado e consistente”, disse. Para ela, há um processo amplo de valoração dos custos e benefícios e é importante considerar realidades regionais, pois cada área de concessão enfrenta realidades próprias. Ainda sobre a Lei nº 14.300/2022, segundo a palestrante, amplia as possibilidades de compartilhamento de oferta de energia GD. Edifícios, por exemplo, podem se beneficiar gerando energia e compartilhando entre os condôminos sem maiores dificuldades jurídicas.

Durante o painel, foi aberta uma sessão de debate, onde foi questionado sobre a Resolução Normativa 482/2012 e o desafio dos integradores em atender os clientes enquanto o tema segue em discussão. Bárbara Rubim disse que uma das áreas de forte atuação da ABSOLAR é digerir e compilar todas essas informações para que o empreendedor possa rapidamente compreender as mudanças e se preparar para os próximos passos. “A associação também faz um trabalho de intermediar e acelerar a solução de dificuldades entre integradores e distribuidoras”, disse.

Delfina Pontes, Diretora de Smart Solution da Neoenergia, participou da sessão e complementou trazendo as oportunidades de aprendizado e crescimento com as melhorias na gestão dos processos, a partir da chegada das baterias e mobilidade elétrica. A eletrificação de frotas, como a de ônibus, foi um dos exemplos informados. Ela destacou também a revolução que a gestão de dados pode e vai trazer para a eficiência energética dos negócios e das empresas. “Este tema ainda é iniciante, mas aos poucos empresas e consumidores ganharão cada vez mais a compreensão do quanto a gestão de dados pode gerar de valor”, disse.

Nelson Assumpção Neto, Head of Business to Business da Enel X, reforçou as questões de transição e sustentabilidade – tanto energética como financeira. “Isso traz ganhos para as empresas, gera oportunidades e desafios. Estamos em plena transformação do setor, assim como a explosão do celular revolucionou a telefonia em todo o mundo”, disse.

Painel 2: Financiamento para energia solar FV

No segundo painel do evento, Jonas Becker, Coordenador Estadual da ABSOLAR no Ceará, apontou que a energia solar fotovoltaica conta com a simpatia das pessoas em geral, pois desperta simpatia pela liberdade e pelo sentimento de gerar a própria energia. De acordo com pesquisa DataFolha 2021, 92% dos brasileiros querem gerar energia renovável em casa. Becker destacou os motivos pelos quais as pessoas querem ter energia solar em suas residências: redução na conta de luz dos consumidores, liberdade e independência em relação a um mercado monopolizado, retorno do investimento entre 3 e 7 anos, equipamentos com 25 anos de garantia e valorização do imóvel entre +2,7% e +5,4%.

Para o coordenador, existem diversos fatores que fazem um estado ser competitivo: excelente recurso solar, elevada tarifa de energia elétrica, legislação estadual favorável, possibilidade de compensação de energia em praticamente todo o estado e acesso a financiamentos competitivos. Neste último caso, existem bancos públicos e privados com diferentes ofertas de financiamento. O site da ABSOLAR possui uma área específica para financiamento.

Diego Rocha Batista, Superintendente do Banco do Nordeste para o estado da Bahia, informou que a instituição possui R$ 12 bilhões em 4 milhões de operações. São empréstimos da ordem de R$ 2.000,00 por operação. O banco oferece crédito orientado e tem tido índices de inadimplência de apenas 3%. Segundo o palestrante, não faz sentido o empresário retirar dinheiro do fluxo de caixa da empresa para pagar o investimento em energia solar. Portanto, o Banco do Nordeste faz financiamento em que a parcela será equivalente ao valor que a empresa já tem como despesa com energia elétrica. Há taxas de modalidades pré e pós-fixadas. A primeira é a partir de 7,58% ao ano, com isenção de 100% do IOF.

Iasmym Jorge, Gerente Geral do Meu Financiamento Solar, informou que, em 5 anos, o valor da tarifa de energia elétrica cresceu cerca de 78% no Brasil. Esse cenário se explica por um conjunto de fatores, como falta de chuvas, explosão de encargos tarifários, energia de Itaipu em dólar e térmicas com combustíveis fósseis. Os consumidores cativos já pagaram R$ 77,2 bilhões desde que o sistema de bandeiras foi criado em 2015.

De acordo com a palestrante, 20% do mercado total de geração distribuída no Brasil está no Nordeste, que é a segunda maior região do País em novas conexões em 2021, sendo 250 mil consumidores beneficiados. O Nordeste ainda é responsável por 38% do volume total de propostas do Meu Financiamento Solar. De acordo com Iasmym, 57% das vendas efetuadas em 2021 foram realizadas por meio de financiamento. “O crédito para o consumidor final faz a GD acontecer. Financiá-lo é o que vai fazê-lo tomar a decisão de instalar energia solar”, disse.

Maurício Maciel, Engenheiro da Área de Energia do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) informou que a instituição já financiou R$ 58 bilhões em energia renovável – cerca de 15 GW. Somente para a energia solar fotovoltaica foram 569 MW com R$ 1,4 bilhões em financiamentos recentes. Os financiamentos do BNDES para projetos solares têm o prazo de 24 anos com custo TLP de 5% a.a + Rem BNDES 1,8 a.a. O valor mínimo é de R$ 40 milhões.

Maurício falou também sobre o programa Fundo Clima, que constitui em um fundo de natureza contábil, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, com a finalidade de garantir recursos para apoio a projetos ou estudos e financiamento de empreendimentos que tenham como objetivo a mitigação das mudanças climáticas. O financiamento com o programa tem taxa de 1% a.a. + spread do banco + spread de risco. Além disso, de acordo com o palestrante, o banco lançou parceria com a Solfast focando na região Norte com um programa que alcança o pequeno empreendedor. Na primeira fase espera-se a contratação de 1.500 sistemas fotovoltaicos.

Na sessão de debates do painel 2, Jonas Becker perguntou para o Diego Rocha Batista como ele enxerga, dentro do Banco do Nordeste, a expansão do crédito para pequenas e médias empresas de forma mais participativa e menos burocratizada. Em sua resposta, o superintendente do banco para o estado da Bahia informou que a instituição financeira tem com bandeira a desburocratização. Diego, então, destacou uma premissa: com o fato de que energia é uma despesa, não cabe ao banco fazer teste de capacidade de pagamento, então abre mão dessa etapa e limita a aprovação automática ao histórico de consumo e dimensionamento do compatível do projeto. Por exemplo: quando o cliente paga R$ 10 mil mês de fatura de energia, terá financiamento de até R$ 10 mil mensais para o projeto.

Becker questionou Iasmym Jorge se o cliente precisa sempre colocar garantia. A gerente geral do Meu Financiamento Solar informou que não pede garantia e não faz alienação, mas libera notas para pagamento das compras. Diego Rocha Batista informou que a garantia do Banco do Nordeste é restrita aos módulos e aos inversores. “Lembrando que, para até R$ 100 mil não é pedido garantia física, apenas a fidúcia”, destacou. Em mais uma pergunta, Jonas Becker questionou os colegas presentes como o integrador pode tornar-se parceiro. Iasmym sugeriu que o profissional do setor com CNPJ ativo a pelo menos 6 meses acesse o site a aplicativo do Meu Financiamento Solar. A partir disso, a plataforma entra com todo o apoio. Diego respondeu dizendo que o BNB também conta com plataforma digital e tem toda a estrutura de atendimento por e-mail, WhatsApp, agência e outros. “Lembrando que não há necessidade de limite pré-aprovado, pois o crédito é direto”, disse.

Durante a sessão, o coordenador estadual da ABSOLAR no Ceará citou o programa FNE Sol, do BNB, voltado ao financiamento à micro e minigeração distribuída de energia elétrica e sistemas off-grid. Becker, então, perguntou ao Diego se a carência do FNE Sol pode ser aumentada, mas o palestrante respondeu que não. O produto do programa é tido como amortizável, portanto, o cliente tem o prazo de seis meses para deixar de pagar a fatura de energia e passar a pagar o financiamento. Não há necessidade de carência maior. Iasmym comentou informando que a carência no Meu Financiamento Solar é de 30 a 120 dias.

Painel 3: Inovação e desenvolvimento tecnológicos para a região Nordeste

 

Daniel Pansarella, Coordenador da Força-Tarefa de Logística e Presidente do Conselho Fiscal da ABSOLAR, iniciou o último painel do dia falando sobre a isenção de IPI. “No momento que começou a ter IPI, caiu a isenção do ICMS. O trabalho da ABSOLAR foi mostrar aos órgãos responsáveis que esse entendimento era discrepante. Foram impetrados mandados de segurança nos mais diversos estados em uma ação coordenada com a associação”, disse.

Desta forma, a ABSOLAR realizou reuniões com a Câmara de Comércio Exterior (Camex) e Receita Federal do Brasil (RFB), além de diversas reuniões com o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) e com Secretarias de Fazenda de diversos estados no sentido de obter a atualização integral e permanente dos Convênios ICMS nº 101/1997 e nº 114/2017.

Pansarella informou que o Convênio ICMS nº 87/2022 estendeu as isenções para as novas NCMs de aquecedores solares de água, células fotovoltaicas não montadas em módulos nem em painéis, e células fotovoltaicas montadas em módulos ou em painéis no Convênio ICMS nº 101/1997. Já o Convênio ICMS nº 94/2022 atualizou as NCMs de geradores fotovoltaicos de corrente contínua no Convênio ICMS nº 101/1997. Ambos foram ratificados pelo Confaz no dia 21 de julho, por meio da publicação do Ato Declaratório nº 25/2022.

Sobre o sistema harmonizado, o palestrante comentou que um mandado de segurança traz maior segurança nas operações comerciais e considera as NCMs de geradores fotovoltaicos ainda não atualizadas no âmbito do Convênio ICMS nº 101/1997. Dentre os mandados protocolados em cada estado, foram obtidas liminares trazendo segurança nos estados da Bahia, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul.

“Antes havia quatro potências discriminadas para venda de geradores. Hoje, dentro do Convênio ICMS nº 101/1997, temos apenas um número. É preciso atenção para pequenos detalhes, pois não apontar corretamente a exceção para o IPI provoca o pagamento de 15% de impostos”, disse. Por fim, Pansarella comentou que outro trabalho relevante da ABSOLAR é certificar-se de que os boletins que oficializam os procedimentos para os fiscais de alfandega sejam prontamente divulgados. “Isso influencia a toda a cadeia produtiva do setor, mesmo o empresário que trabalha apenas na montagem é beneficiado”, finalizou.

Mariana Galhardo, Vice-Coordenadora do Grupo de Trabalho de Armazenamento da ABSOLAR, apontou que o armazenamento é como um “canivete suíço” em parceria com a energia solar fotovoltaica. “Este sistema tem múltiplas funções, sendo associado à geração, transmissão, distribuição e individualmente”, disse. “Para cada 1 MW de armazenamento, são gerados 16 empregos. E empregos capacitados! Motivos para termos bons olhos e boas políticas para a tecnologia”.

De acordo com Galhardo, estudos e interações com ministérios e reguladores têm sido frequentes. “O armazenamento contribui para a redução dos custos do sistema e o Brasil tem todas as possibilidades de aplicação”, apontou. A palestrante destacou que o tempo de vida útil das baterias está em crescimento com diversas opções de aplicabilidades. “A bateria é a mais versátil e com maior número de aplicações. É também a de maior sinergia com o setor solar fotovoltaico. A bateria de íon lítio é a grande campeã em questão de desempenho”.

Sobre quais frutos estão ao alcance da mão e devem ser viabilizados primeiro no Brasil, Galhardo citou seis, especificamente. O primeiro trata-se dos recursos de armazenamento na geração, para gestão de MUST, que ainda não possuem viabilidade econômica. O segundo são os recursos de armazenamento na distribuição, que possuem viabilidade econômica em situações específicas e necessitam de poucos ajustes regulatórios. O terceiro seriam recursos de armazenamento behind-the-meter, que possuem viabilidade econômica. Já o quarto ponto refere-se aos recursos de armazenamento na geração, na forma de Virtual Power Plants (VPP), que possuem viabilidade econômica, mas necessitam de ajustes regulatórios relevantes. Logo depois, a palestrante falou sobre os recursos de armazenamento na geração, para reserva de capacidade, que possuem viabilidade econômica e necessitam de poucos ajustes regulatórios. Por último, os recursos de armazenamento na transmissão, que possuem viabilidade econômica em situações específicas e necessitam poucos ajustes regulatórios – já existem casos concretos no Brasil.

Já Thierry Jacques Lemaire, Coordenador do LABSOLAR da Universidade Federal da Bahia (UFBA), falou sobre as células solares e os diferentes tipos e tecnologias. “Existem fatores que afetam a durabilidade, como a própria exposição à radiação solar, variação de temperatura e dilatação. Segundo o palestrante, isso tem relevante impacto financeiro e ambiental. “Se conseguirmos aumentar a durabilidade dos módulos fotovoltaicos de 25 para 40 anos, serão pelo menos 130 GW de potência por ano em economia. São 7 milhões de toneladas por ano de módulos reciclados por ano”, disse.

Cristina de Abreu Silveira, 1ª Diretora Administrativa do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea-BA), informou que é primordial investir na capacitação técnica de todos os envolvidos. A palestrante também comentou a respeito dos aspectos legais relacionados à legislação profissional do sistema Confea/Crea. “As atividades técnicas de projeto, instalação, montagem e manutenção de sistemas de geração solar fotovoltaica, que são inerentes ao âmbito da modalidade de engenharia elétrica, devem ser executadas por pessoa física ou jurídica devidamente habilitada.

Sobre o exercício profissional, Cristina apontou que os profissionais de outras modalidades da Engenharia necessitam solicitar junto ao Crea a revisão das suas atribuições iniciais, a partir, por exemplo, da Anotação de Curso de Pós-Graduação, reconhecidos pelo sistema oficial de ensino brasileiro, que assegurem os conhecimentos técnicos necessários e estejam devidamente cadastrados no Conselho. “A análise aprofundada e criteriosa dessa revisão de atribuições iniciais é feita pela Câmara Especializada de Engenharia Elétrica (CEEE) do Crea”, disse. “O Crea-BA fiscaliza regularmente as atividades técnicas relacionadas ao sistema de geração solar fotovoltaica, visando coibir a execução das mesmas por leigos e pessoas físicas ou jurídicas sem a devida habilitação legal”.

De acordo com a palestrante, para o sucesso no setor solar fotovoltaico, o profissional deve participar efetivamente do acompanhamento das atividades executadas sob a sua responsabilidade técnica. “O ato de emprestar o nome para simular regularidade de obras ou serviços caracteriza-se como acobertamento passível de autuação e aplicação de penalidades. O profissional deve primar pela conduta ética”, disse. Segundo Cristina, é necessário também que o profissional se mantenha atualizado na “Engenharia do Produto” com relação ao aproveitamento de energia solar (térmica, fotovoltaica, sistemas híbridos, etc. Para isso, é importante que ele participe de eventos técnicos do setor, de cursos e treinamentos reconhecidos pelo mercado, amplie sua formação por meio de cursos regulares – strictu sensu ou latu sensu – em instituições com cursos reconhecidos e cadastrados no sistema profissional.

Para finalizar o painel 3, Vanderlei Menezes, Coordenador do Núcleo de Estudos em Administração da Produção e Logística do Conselho Regional de Administração da Bahia (CRA-BA), falou sobre logística reversa. “As pessoas pensam que a solar fotovoltaica não gera resíduos. Entretanto, quando chega o momento do descomissionamento ou quando há problemas com os equipamentos, há sim, a geração de resíduos”, disse. Estes resíduos são causados não apenas pelos módulos fotovoltaicos, mas também por baterias e outros componentes. Cristina ressaltou que a vida útil dos módulos fotovoltaicos pode ir além dos 25 anos por meio de retrofit e o processo de reciclagem exige qualificação, pois causa impactos relevantes para o meio ambiente. A palestrante destacou que 96% dos componentes dos módulos fotovoltaicos podem ser reciclados e que há exemplos internacionais de companhias no mundo que já fazem a reciclagem das baterias – questão que deve ser impulsionada a partir do uso de veículos elétricos.